Capa | Revista 01 | Revista 02 | Revista 03 | Revista 04 | Revista 05

MENU

Editorial - 02
Formação PTE
Projecto ‘TurmaMais’
Matemática 1º CEB
Educar Sexualidade
Avaliar a Aprendizagem
N. Prog. Português
Sexualidade
Educ./Poder Local I
Educ./Poder Local II
Educ./Poder Local III
Educ./Poder Local IV
Escola Electrão
Dia da Escola
TIC e Ed. Musical
... eternamente Aluno?!
Avaliação e PEA
A Tapada da J. Régio
Afectividade e Deficiência
Formação Contínua
Desalinhos
Formação como Projecto
Enfoque nas Soluções
Formação e BEs
Quem nasceu em 34?
O meu aluno Albino
As aulas da noite
Cartoon

 

 

A Afectividade, a Sexualidade e a Deficiência

Isabel Cardoso Pinto
Agrupamento de Escolas de Vila Boim

O que me proponho com este artigo é partilhar com todos a difícil e complexa questão da sexualidade e afectividade relativamente às pessoas portadoras de deficiência. Esta questão tem duas vertentes: a primeira é a forma como os jovens com deficiência vivem as suas relações afectivas e a sexualidade e o segundo aspecto é a forma como “os outros”, todos nós, vemos a representação destas. Durante a adolescência, verifica-se simultaneamente confusão de identidade e a solidificação dessa mesma identidade. Para o jovem, é muito importante o olhar dos outros, com o qual se identifica, principalmente na consistência entre a forma como eles se sentem e como são percebidos os seus sentimentos.

 A própria condição de deficiência é a condição estigmatizante, que afecta o jovem e que compromete seriamente a forma como ele é aceite e como ele próprio se aceita, sabendo que “o outro” é muito importante na construção da sua identidade. A aceitação de si mesmo como diferente mas ainda assim objecto de amor é num factor imprescindível para uma construção sólida de identidade. Por outras palavras, a forma como cada um destes jovens se sente acolhido é determinante na escolha dos seus afectos e na sua disponibilidade para escolher parceiro, não apenas na vivência da sexualidade como na vida.

E agora entram “os outros” que convivem com o jovem diariamente: a sua família e os profissionais de educação … são duas visões mais do que diferentes, são duas visões antagónicas acerca do mesmo jovem, acerca da sua afectividade e sexualidade. Enquanto os pais, na sua maioria, olham o seu filho como um ser assexuado ou de sexualidade “angelical e pura”: “a minha filha é anterior à maçã de Eva”, comentou comigo um dia um pai, desiludido com os colegas da filha que tinham ridicularizado e mal interpretado uma manifestação de afectividade da jovem, e portanto propensas vítimas daqueles que não têm deficiência; os profissionais de educação consideram que os jovens com deficiência têm uma hiper sexualidade, muitas vezes precoce, e de manifestações “instintivas” e, normalmente, distintas da afectividade…

Estas duas visões, ainda que contrárias, provocam curiosamente, a mesma resposta que é super proteger, vigiando e isolando o jovem de uma afectividade e sexualidade normal que, se nos outros jovens é aceitável, ainda que nalguns meios tabu, nestes é perfeitamente intolerável e há que defendê-los de questões que se apresentam ameaçadoras.

Enfim, não sei como contrariar esta “corrente” ou “dado adquirido” que, intuo ter a suas raízes mais profundas na cultura mas, acredito que podemos começar por tentar conhecer as dificuldades destes jovens, as suas motivações, os seus sentimentos e desejos para melhor os conhecer, os acolher e amar. Para que consigamos mudar a cultura, as mentalidades e o MUNDO.