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“A Escola não é uma ilha”

Gonçalo Pacheco
Agrupamento de Escolas e Jardins de Infância N.º 1 de Portalegre

“Os contextos sociais em que as escolas se inserem podem constituir-se como factores potenciadores de risco de insucesso no âmbito do sistema educativo normal, verificando-se que em territórios social e economicamente degradados o sucesso educativo é muitas vezes mais reduzido do que a nível nacional, sendo a violência, a indisciplina, o abandono, o insucesso escolar e o trabalho infantil alguns exemplos da forma como essa degradação se manifesta”

Despacho normativo nº 55/2008 de 23 de Outubro

 

Uma escola não é uma ilha. Mas pode ser uma âncora.

 

Se é mais ou menos pacífico que a Escola, por si só, não consegue ser o agente de transformação do meio em que está envolvida, pode ser, tem sido, o porto de abrigo em que muitas crianças e jovens encontram a estabilidade possível e o conforto mínimo que as suas vidas lá fora não permitem.

Se a Escola é uma criação da própria sociedade, não pode deixar de espelhar os problemas que esta encerra, nomeadamente a exclusão, a vulnerabilidade, o desajuste familiar, a precariedade económica e a pouca assistência e acompanhamento às crianças e jovens, muitas vezes mal compensados com bens materiais e opções discutíveis.

Se uma sociedade é pobre, a Escola não pode ser rica, pelo que deve recorrer a todos os “artifícios” de forma a desenvolver uma “engenharia social” que, de acordo com a filosofia implantada pelos TEIP, promova uma discriminação positiva, não só para si, como também para as populações mais carenciadas, valorizando o papel dos actores locais e o estabelecimento de parcerias enquanto contributo para a criação de condições de igualdade de oportunidades.

Há muito que a Escola ultrapassou a sua mais antiga vocação: ensinar, transmitir conhecimento e habilitações.

Hoje a Escola é substancialmente diferente, localiza-se em novas áreas de crescimento urbano, em suma, mudou.

Segundo Daniel Sampaio, mudou para melhor, porque mais livre, mais democrática, mais sincera.

Chegaram à Escola novas culturas e atitudes, porque chegaram novos alunos.

Hoje, com a massificação do acesso à Escola, é cada vez mais imperioso que se aposte na ideia da Escola Inclusiva, uma Escola de todos e para todos.

Isto significa que cada vez mais os alunos são diferentes entre si, e que a Escola tem que saber lidar com todos eles, encontrando para todos e cada um o percurso mais adequado. Deve ainda ter o objectivo de humanizar e formar cidadãos numa perspectiva integradora, de combate à exclusão e ao insucesso.

Nessa perspectiva, pode salientar-se que a introdução dos TEIP 2 visa a consecução, entre outros, de um objectivo central que passa pela disponibilização, por parte da Escola, dos recursos culturais e educativos necessários ao desenvolvimento integrado da educação.

Deve, por isso, diversificar as ofertas formativas, recorrer a percursos curriculares alternativos, encontrar “a” solução para “aquele” aluno que, tantas vezes, e por tantas razões, regista problemas de comportamento, desiste das aprendizagens, desmotiva ou abandona a escola.

É de realçar a importância da mediação como factor de “apaziguamento” entre os factores intrínsecos e extrínsecos à Escola, permitindo assim quebrar um ciclo, tantas vezes viciado, de multiplicação das experiências mal-vividas, repletas de frustrações e fracassos que se traduzem numa “má relação” dos pais com a Escola e que, inevitavelmente, se reflecte nas posturas e nas expectativas dos nossos alunos perante a mesma.

É hoje mais ou menos consensual, até porque existem diversos estudos realizados nesse sentido, que há uma relação directa entre o nível de escolaridade dos pais e o sucesso escolar dos filhos.

Uma escola como a Escola Básica 2,3 José Régio, que está inserida num contexto pautado por uma elevada precariedade económica e social, em que o número de Encarregados de Educação desempregados tem crescido exponencialmente de ano para ano, onde as faltas de respostas para crianças e jovens em risco é uma infeliz realidade tem que, necessariamente, deitar mão a todas as “ferramentas” que possam estar ao seu alcance, de forma a cumprir o seu desígnio, “Uma Educação para todos numa Escola Inclusiva”.

Se a Escola trabalhar o mais possível com as famílias, se os professores e outros técnicos formarem um grupo coeso e preparado, a partir de acções de formação dirigidas à prática pedagógica com turmas e alunos heterogéneos (a tal diversidade da Escola Inclusiva), é possível construir um outro “clima escolar”, aproximando estas “ilhas” e, quem sabe, construir um “arquipélago”.