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Percursos formativos - À descoberta de uma vocação!

Ermelinda Grilo
Agrupamento de Escolas N.º 1 de Portalegre

Segundo as estatísticas, Portugal é dos países que, conjuntamente com a Grécia, Espanha e Itália, apresenta um dos índices de escolaridade mais baixos da Europa.

No entanto, é de salientar que Portugal, antes de 1976, era apontado como tendo um dos melhores sistemas de ensino técnico da Europa.

Fruto das sucessivas políticas educativas e em nome de um progresso utópico, as escolas viram-se obrigadas a “desmantelar” oficinas, ateliers e os professores a redefinir as suas competências, deixando de formar técnicos e indivíduos capazes para integrar o mundo do trabalho.

A escola modernizou-se…!

À luz dessa modernidade, o ensino massifica-se. O acesso ao ensino superior é facilitado através de várias vias.

Contudo, pergunta-se: onde ficam aqueles alunos que mesmo assim, não conseguiram encontrar o seu rumo e não acompanharam o ritmo?

Fala-se então de uma escola inclusiva, de um ensino profissionalizante, dos cursos técnico-profissionais, dos percursos curriculares alternativos, dos cursos de educação e formação, dos Pief’s e, mais recentemente, do ensino vocacional.

Alguns críticos alegam que estamos perante uma conceção ideológica, retrógrada e elitista, em que a própria escola se assume como promotora de desigualdade e estratificação. Aludem ainda que, o ensino profissional e vocacional separa de forma precoce, os que têm capacidade para aceder a um tipo de ensino que lhes permite o prosseguimento de estudos no ensino superior e os que deverão escolher, desde logo, um ofício para facilitar a entrada no mercado de trabalho.

Países como a Suíça, a Alemanha, a Áustria e a Holanda apresentam outra visão do problema, sendo detentores de uma vasta experiência no ensino vocacional, aconselham que o encaminhamento dos alunos para este tipo de percurso formativo, deve ser feito logo após a deteção das primeiras dificuldades ou constrangimentos nos estudos.

Ao analisarmos o mercado de trabalho europeu, verificamos também que existe uma maior taxa de empregabilidade ao nível das qualificações intermédias.

Por cá, segundo dados do EUROSTAT, apesar dos progressos registados nos últimos anos, continuamos em presença de uma taxa de abandono escolar significativa, situando-se muito acima da média europeia, prevendo-se que, dificilmente alcançará as metas educativas preconizadas para 2020.

Por seu turno, a UNESCO alerta para o desinvestimento na educação como consequência da grave crise financeira, gerando, sobretudo nos jovens, níveis de desemprego nunca antes registados e tornando mais premente a necessidade de adequar as aprendizagens escolares ao mundo do trabalho.

Em face destas realidades, o Ministério da Educação lança o projeto dos cursos vocacionais como sendo uma via mais prática para assegurar a inclusão de todos no percurso escolar e garantir a igualdade de oportunidades, dotando os alunos de ferramentas para enfrentar o futuro, apostando, assim, numa forte ligação ao tecido empresarial através da realização de uma prática simulada ou aulas presenciais no local de trabalho.

No entanto, este percurso formativo sofre de algumas enfermidades. Por um lado, a falta de orientações por parte da Tutela, espelhada numa legislação imprecisa, num programa de gestão de alunos que não contempla este tipo de cursos e na inexistência de uma pauta pensada para os mesmos. Por outro lado, como lidar com a indisciplina, com a falta de maturidade e empenhamento, fruto das características deste tipo de alunos.

Será que o objetivo de criar cursos desta natureza foi efetivamente o de colocar os alunos a aprender uma profissão, a descobrir uma vocação, enfim, traçar-lhes um rumo ou, pelo contrário, retirar os mais mal-educados e indisciplinados das diferentes turmas e concentrar o problema no mesmo sítio?

Serão estes cursos, a resposta para uma juventude rebelde, inquieta e sem motivação?

Urge, pois, encontrar soluções…