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O A. E. N.º 3 de Elvas

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O Intérprete de Língua Gestual Portuguesa

Cláudia Pedreira, Elsa Silva, Maria João Gomes e Mariana Bento
Agrupamento de Escolas do Bonfim

Segundo o artigo 2º da Lei 89/99 de 5 de Julho, consideram-se Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (L.G.P.): “os profissionais que interpretam e traduzem a informação o de Língua Gestual para a Língua Oral ou Escrita e vice-versa, de forma a assegurar a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes”. Para se aceder a esta profissão é necessário possuir uma licenciatura em Tradução e Interpretação em L.G.P.

O papel em contexto educativo:

O Intérprete de L.G.P. funciona como elo de inclusão entre as pessoas surdas e ouvintes, tanto na sociedade como no contexto educativo. Na escola o Intérprete de L.G.P. acompanha os alunos surdos em todas as aulas e atividades em que estes participam, sendo assim a ponte de comunicação entre toda a comunidade escolar, não podendo ser visto como um professor de apoio.

Dentro da sala aula é desejável que existam condições favoráveis à realização da tradução por parte do intérprete, para que a informação chegue de forma fidedigna e percetível ao aluno. Neste sentido o intérprete deve estar posicionado ao lado do professor de frente para o aluno, formando um triângulo de comunicação. Desta forma o aluno consegue manter o contacto visual com o intérprete e com o professor em simultâneo. 

Para que seja feita uma tradução eficaz, o professor não deve abrandar o ritmo do seu discurso, mas sim manter uma cadência ritmada fluente.

É imperativo que o intérprete de L.G.P. seja proficiente nas duas línguas em questão uma vez que quando é realizada uma tradução é necessário efetuar um processo mental contínuo e complexo designado processo de colonomos. Este processo consiste em receber a informação gestual/auditiva, realizar o tratamento gramatical e estrutural, e seguidamente concretizar a produção gestual/oral. É um fluxo informativo cujo processo é contínuo, ocorrendo em apenas alguns segundos.

Apesar das trocas gramaticais a informação aproxima-se o mais possível do original, exceto quando o professor utiliza expressões idiomáticas, visto que é impossível traduzir a mensagem literalmente, enquanto intérpretes devemos traduzir o significado. Aquilo que devia ser uma mensagem implícita, deve ser traduzida para o aluno surdo de forma explícita, de modo a que estes compreendam a mensagem.

Outra condicionante é a inexistência gestos específicos para determinado conceito, para combater esta lacuna é realizada a dactilologia (soletração da palavra) da palavra ou recorre-se à criação de códigos gestuais entre o intérprete e o aluno.

O Intérprete de L.G.P. fala geralmente na primeira pessoa, tanto para o aluno como para o professor, algo que gera confusão tanto para os alunos como para os professores. Por vezes, o professor julga que é o Intérprete que está a responder a questões efetuadas pelo mesmo. E as vezes, o aluno pensa que é o Interprete que o está a repreender visto que, o Intérprete adota a entoação de voz e expressão facial do professor.

 

Código de ética e linhas de conduta

O intérprete de L.G.P. tal como os outros profissionais rege-se por um código de ética e por linhas de conduta. Neste código existe um parâmetro específico para a fiabilidade que corresponde ao ponto nº 2, no qual o intérprete deve providenciar uma interpretação fiel, não omite, nem acrescenta qualquer tipo de informação. Por vezes, surgem situações embaraçosas mas, o professor deve confiar no trabalho do professor, tal como o intérprete não deve ser responsabilizado por aquilo que traduz, uma vez que apenas está a transmitir aquilo que ouve. Neste código de ética podemos ainda encontrar o parâmetro confidencialidade, aquilo que se diz dentro de sala de aula, por alunos e professores, é sigiloso.

O intérprete é um elemento fundamental para o sucesso escolar dos alunos surdos, assim como para a sua integração social. Não pode ser visto como algo supérfluo mas sim como uma necessidade premente para esta comunidade.