|
|
MENU - Entrevista -
|
Conversando com Marcelo Rebelo de Sousa, professor na Universidade de Lisboa
Luísa Moreira Profforma – Sr. Professor, como encara, hoje, o ensino básico e secundário em Portugal?
Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Têm vivido em mudança
permanente. Nuns casos, com sucesso cabal. Noutros, mais ou menos.
Mas, os problemas sentidos não Profforma – Ultimamente, os professores, e a Escola Pública, têm sido alvo de críticas frequentes da opinião pública. Como encara essas críticas? Parecem-lhe justificadas?
Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Em crise, a busca de
bodes expiatórios é ainda mais tentadora. Num tempo em que televisão
e internet destronaram a Profforma – O ministro Nuno Crato, antes de ser ministro, foi um crítico do sistema. Os professores conhecem o seu polémico “Eduquês”, entre outras tomadas de posição públicas. Como encara a sua prática, considerando o que defendia?
Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Chegou ao Governo no
meio de uma crise, que impõe sacrifícios draconianos. Acho que
continua a pensar como pensava. E Profforma – Uma das medidas impostas pela actual equipa do Ministério da Educação, e que muita polémica tem causado, prende-se com o crescendo de número de alunos por turma. De 28 a 30 crianças e jovens por turma, parece-lhe um número facilitador de aprendizagens? Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Claro que não. É uma óbvia imposição da crise. E só... Profforma – Com a mudança alucinante do mundo que integramos, sem dúvida novas metodologias e didácticas se impõem. Sem dúvida as tecnologias são hoje indispensáveis, conseguiremos conciliá-las com o desenvolvimento de uma educação humanista? Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Teremos de conciliar. Nunca esquecendo que o essencial são os fins personalistas, não os meios tecnológicos. Profforma – Sem dúvida, cremos, à Escola Pública cabe, entre muitas outras dimensões, manter a raiz cultural e identitária de um povo. Considerando os actuais programas de História e de Português, nos ensinos básico e secundário, parece-lhe que os últimos governos têm acautelado esta dimensão formativa? Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Penso que se pode mudar, nesse particular, para melhor, no que toca a problemas de expressão em português e de domínio de inglês, muitas vezes visíveis. Profforma – A formação contínua de professores, apesar da longa congelação da progressão da carreira docente, continua a acontecer e depende, em grande parte, da acção dos CFAE (Centros de Formação de Associação de Escolas). Como avalia o desempenho destas entidades ao longo dos últimos 20 anos? Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Dentro dos recursos limitados, têm feito obra meritória. Profforma – De acordo com o Professor Roberto Carneiro, mais cortes na Educação significam a destruição do sistema. Concorda com a afirmação? Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Em princípio sim, mas depende dos cortes, que ainda não conhecemos. Profforma – Os mega agrupamentos, sobretudo no interior onde, concretamente no Alentejo, as distâncias são enormes, têm sido muito contestados pelos professores e pessoal não docente. Como encara esta decisão? Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Nunca a vi como ideal.Nem no Alentejo,nem noutro Portugal ainda rural. É justificada ou eventualmente justificável sobretudo por estritas razões financeiras. Profforma – Se o senhor Professor fosse convidado para Ministro da Educação, e partindo do pressuposto que aceitaria o cargo, quais as três primeiras medidas que adoptaria? Prof. Marcelo Rebelo de Sousa - Hoje, tudo visto e somado, não aceitaria a função, num só Ministério da Educação, envolvendo também o Ensino Superior e a Ciência. E, a haver separação, não aceitaria ser Ministro da Educação, por entender estar esgotada a fórmula de um Ministro para os outros graus de ensino ser um professor universitário
|