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Editorial

Educar Sempre

O A. E. N.º 3 de Elvas

- Crónicas de Aprender -

O MLA e a Cegonha

Há muito tempo...

Uma vida

Associação de Estudantes

Momentos

 

Entrevista

Cartoon

 

Momentos...

Luís Picão Fernandes
 

Foi no ano de 1972 que comecei a minha carreira profissional. Por força de acontecimentos político-sociais (invasão de Económicas pela polícia de choque perto da 1ª época de exames e morte de um colega em Outubro) a minha licenciatura ficou adiada por alguns meses e, assim, iniciei as minhas actividades apenas com habilitação suficiente. Foi com alguma emoção que me dirigi à Escola Industrial e Comercial de Elvas, onde fui recebido pelo Director (Fernando Monteiro) e pelo colega Hélder Maurício, que mais tarde se viria a revelar importante para a minha carreira profissional.

Em quase quarenta anos muitos acontecimentos marcantes se sucederam. Destacarei alguns.

O meu primeiro ano foi um deles. Leccionando Contabilidade (nos anos seguintes leccionaria Economia e afins) confesso que tive alguma apreensão na hora de enfrentar pela primeira vez os alunos. Desse primeiro ano recordo com emoção momentos inolvidáveis próprios de quem dá os primeiros passos numa nova actividade. Foi o ano das primeiras responsabilidades profissionais e das primeiras alegrias que o contacto com os alunos me proporcionou. Passados menos de dois anos ocorreu o “25 de Abril” que, inevitavelmente, tantas alterações provocou no ensino no nosso país. Foi a época das intermináveis Assembleias de Escola que se prolongavam pela noite dentro e onde tudo se discutia e punha em causa. Recordo também com saudade a colaboração com os alunos na criação da primeira Associação de Estudantes da nossa escola e a elaboração dos respectivos estatutos (Lembram-se, Vintém, Pedro e outros?).

Também em 1974 foi nomeado Encarregado de Direcção o José Marcelino Horta, tendo-me eu comprometido a ajudá-lo em tudo o que fosse necessário. Foi aí que entrou em acção o colega Hélder Maurício que me ensinou pacientemente a elaborar horários, calendários de reuniões, etc. Nesse tempo convulsivo ocorreram factos curiosos, próprios de um período de agitação. Destaco os contactos com o MFA, sem os quais nesse tempo nada se fazia. Recordo uma reunião em Évora para tratar das eleições para os recém criados Conselhos Directivos, que durou das dez da manhã até à 1 hora do dia seguinte e onde um Director Geral tentou culpabilizar as escolas pelos atrasos dos correios…

Foi em 1975 que iniciei oficialmente a minha carreira na gestão da Escola, tendo sido eleito para o primeiro Conselho Directivo e posteriormente votado para vice-presidente. Dessa época recordo as novidades constantes que a revolução proporcionava. Não posso esquecer o “11 de Março” e o telefonema do PCP ordenando-nos fechar a escola, o que não fizemos, não sem primeiro termos consultado o todo-poderoso MFA. Por esta altura foi oficialmente criada a Escola Secundária de Elvas.

Após o cumprimento do serviço militar, retomei as aulas e, posteriormente fui novamente eleito para o Conselho Directivo em 1978. Foi nesta altura que a escola adoptou o nome de Escola Secundária de D. Sancho II.

Em 1981 interrompi novas tarefas de gestão escolar para fazer o desejado estágio (no 6º Grupo - Contabilidade). Na altura o mesmo era de dois anos e tive como colega de estágio o Carlos Pernas. Foi uma época atribulada que se iniciou com a elaboração do PIT (Plano Individual de Trabalho). Recordo um episódio com a nossa orientadora. A Germana costumava dar por certo aquilo que era apenas uma hipótese. Assim, exigiu-nos um relatório de fim de estágio em determinados moldes que ainda não tinham sido aprovados. Como era muito teimosa, acabámos por dizer que o faríamos rapidamente. Passados alguns dias telefonou-me a perguntar se tínhamos feito o dito relatório, o que eu confirmei. O pior veio na sua próxima visita, pois tal legislação não tinha sido aprovada e teríamos de fazer outro trabalho de conclusão do estágio. Foi nessa altura que eu a interrompi e disse que felizmente não tínhamos feito nada… Não foi capaz de retorquir. No entanto, recordo-a com saudade.

Após a conclusão do mesmo fui novamente eleito para o Conselho Directivo, só interrompendo em finais de 2003. Em 1987 foi ampliada a escola. Era ministro o Dr. Roberto Carneiro. Um dia veio a Elvas ver o estado das obras, julgando estarem as mesmas quase terminadas. Assim o tinha informado um Secretário de Estado. Quando o colega José Cardoso (Presidente do Conselho Directivo) lhe disse que não poderíamos iniciar as aulas dentro do prazo previsto por as obras não se concluírem a tempo, ele reagiu intempestivamente, acusando o Cardoso de não querer iniciar as aulas da sua escola. Tudo terminou com o Cardoso a mostrar ao Ministro que o tinham informado mal…

Em 2006 foi eleito o Conselho Executivo sob a presidência da Fátima Pinto. Tornei-me assessor, tendo trabalhado com ela, a Fátima Janarra e a Fernanda Claro. A Joaquina Batista foi a outra assessora até os deveres da maternidade a chamarem, tendo sido substituída pelo Carlos Figueiredo, o “nosso Cabé”.

Entretanto a Fátima Pinto foi eleita Directora, tendo a Fátima Janarra, a Fernanda e o “Cabé” constituído o resto do corpo directivo. Eu permaneci como assessor. Neste período iniciaram-se as obras de reconstrução da escola pela Parque Escolar. Foi um período de confusões, de fazer e desfazer, tendo, no entanto, a escola ficado com instalações invejáveis. Creio sinceramente que foi desperdiçado algum dinheiro e que se poderia ter ficado com uma escola um pouco mais modesta e mais consonante com o país que temos.

Assim termina a minha carreira docente, com a reforma em Dezembro de 2011.