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Editorial

Educar Sempre

O A. E. N.º 3 de Elvas

- Crónicas de Aprender -

O MLA e a Cegonha

Há muito tempo...

Uma vida

Associação de Estudantes

Momentos

 

Entrevista

Cartoon


 

 

Associação de Estudantes

André Pontes
 

Numa tarde de café, onde quase tudo acontece, surge em conversa um dos temas menos prazerosos para os jovens hoje em dia, aulas. Com o desenrolar da conversa apercebo-me que, embora os amigos com quem mantivera tal conversação fossem os chamados alunos de topo, poucos eram os conhecimentos que conseguiam transportar para a vida prática.

Como assim para a vida prática? Pois bem, todos eles sabiam resolver equações, calcular a velocidade de um corpo em movimento, e ainda uma série de teoremas complicados, mas poucos os conseguiam transportar para o dia a dia.

"É mais vantajoso aplicar o desconto antes e posteriormente adicionar o IVA sobre o produto ou adicionar primeiro o IVA e só depois aplicar o desconto?" esta foi uma de muitas perguntas que, após várias tentativas, não conseguiu obter resposta...

Temos quase uma centena de professores, muitos deles excelentes, com vontade de ensinar, transmitir o que sabem e receberem conhecimentos dos alunos, partilhar experiências e irem evoluindo ao longo dos anos para que possam formar melhores alunos, profissionais e sobretudo pessoas, muitos deles excelentes no papel que desempenham, mas sempre limitados aos rígidos e longos programas das disciplinas que lhes competem. Graças a este contra relógio, à quantidade indeterminada de testes e exames estamos, à abulição de aulas práticas, experimentais, que quebrem a rotina, a criar alunos com enorme potencial, mas carentes no que respeita à iniciativa, curiosidade, vontade de apreder mais, não por culpa deles mas porque começam a olhar a escola apenas como uma obrigação para poderem crescer na vida e não como uma janela para o mundo, uma via para adquirirem conhecimentos e enriquecerem-se como pessoas.

Deem-nos liberdade, deixem-nos descobrir, explorar, ganhar vontade de saber mais… Não nos debitem a matéria, não nos encham os cadernos de matéria chata para decorar e despejar na próxima ficha de avaliação, plantem o gosto de aprender, mostrem que há mais lá fora, despertem curiosidade...

Tem sido precisamente a curiosidade que me tem movido. Diria até que a curiosidade é das maiores ferramentas da humanidade, é ela que move massas. Não seria hoje presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária D. Sancho II se esta não me tivesse feito lutar e querer mais do que simplesmente me é dado e oferecido.

Presidência por curiosidade? Exactamente! Tal como a maioria das experiências que podemos partilhar advêm precisamente de rasgos de curiosidade, de querer espreitar o outro lado da cortina, embora umas vezes gostemos e outras não, todas nos deixam qualquer coisa de bom. No caso da Associação foi a curiosidade por saber qual seria a sensação de ganhar umas eleições e poder aplicar ideias minhas, da equipa e da própria comunidade escolar em prol dos alunos.

Contudo, descobri muito mais do outro lado da cortina do que alguma vez pensei ser possível, lidei com problemas que nem sabia que existiam, descobri pessoas atrás das máscaras que são obrigadas a utilizar quando leccionam, aprendi que muitas vezes se complica o que é simples e se simplifica o que é complicado, que nunca se consegue agradar a todos e que tendemos a apontar os defeitos mas não a elogiar os feitos, aprendi que nunca conhecemos a totalidade da história e que, normalmente, a parte desconhecida tem bastantes factores que explicam acontecimentos que pareciam fruto do acaso ou inexplicaveis.

No fim de um ano de mandato, e de três anos de secundário, de horas e horas de reuniões, de festas, espectáculos, testes, horas a queimar pestanas, altos e baixos, posso afirmar que somos uns privilegiados no que toca a condições de ensino e lazer, todos nós temos condições para chegar onde quisermos, basta querermos...