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Editorial

Educar Sempre

- Olhares Cruzados -

24 de Outubro

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“Percursos e Cenários”* – O caminho de uma Biblioteca Escolar

Paula Pio
Agrupamento de Escolas de Gavião

Tal como a intervenção que dá o título a este pequeno texto, fazê-lo foi uma tarefa que me deixou um pouco preocupada. Ainda fizemos tão pouco…que posso eu relatar-vos?!

Mas o título “percursos e cenários” levou-me ao lugar da memória onde encontro no meu percurso profissional espaços e tempos profundamente ligados à Biblioteca/Centro de Recursos onde hoje sou Professora Bibliotecária. Na altura em que a RBE “Lançou a Rede”, iniciavam-se os primeiros passos do Centro de Recursos de Gavião, um projeto tripolar, numa perspetiva de coesão e agrupamento, à data ainda inexistente. Um projeto inovador, que proporcionou momentos de grande partilha, reflexão, até ao culminar de um Centro de Recursos único, coerente com a realidade e necessidades educativas locais.

Passaram quase 11 anos, o CRE evoluiu, cresceu… definhou… não importa aqui encontrar culpas e culpados, aconteceu assim. Aquilo que era um projeto de referência tornou-se num espaço triste, desinteressante, desorganizado, sem dinâmicas dignas de relevo, incapaz de acompanhar os tempos… que não param fora das nossas portas quase cerradas…

Abrem-se janelas de oportunidades: o PNL chega às BE’s e às salas de aula, vamos Ler+… de “mochilas em vai e vem” às costas começamos a tentar recuperar o tempo perdido.

Colocam-se novos e diferentes desafios às BEs, “o seu papel enquanto centro de informação, mas também muito ligado ao lazer, é substituído pelo papel formativo, de aprendizagem e construção criativa e dinâmica do conhecimento”.

Colocam-se também os professores Bibliotecários. Regresso à BE, a meio tempo mas de corpo inteiro…Sai um Plano de acção, um documento que ajuda a gerir a colecção, a auto avaliação… avaliar para conhecer, para crescer…o percurso constrói-se…um pequeno passo todos os dias, mas, como dizem os árabes “Uma grande viagem começa com um pequeno passo”… e temos a inestimável ajuda da nossa CIBE…

 O mais importante é construir dinâmicas, parcerias, sair do marasmo, conquistar alunos e professores, cooperar…trazer a vida, uma vida de riqueza pedagógica de regresso à BE…o passado não se ergueu das cinzas para voltar a ser vivido, mas as memórias e as experiências do CRE são raízes fortes na construção de uma nova biblioteca…

Procuramos ir ao encontro das necessidades e aptências dos alunos, lemos em diferentes suportes, exploramos quase diariamente as ferramentas da Web 2.0: temos uma página no facebook que funciona com um fórum de leitores, grupos onde discutimos, online, diferentes livros ou textos; produzimos dois ebooks, a partir de textos originais dos alunos de diferentes níveis de ensino. O nosso blogue, Biblioteca ComVida, é fonte de informação e troca de opiniões… mas, neste como noutros campos, ainda temos um Mundo por explorar.

Biblioteca ComVida é também o fio condutor das nossas atividades. E, fieis ao mote, convidamos, com regularidade, parceiros que nos ajudam a dar vida à BE.

Contamos com alunos e docentes da Universidade Sénior para animar um espaço destinado, fundamentalmente, ao primeiro ciclo – “Contos, recontos e outras estórias” – dinamizado durante a hora de almoço e que para além da componente lúdica, promove a leitura mas, sobretudo, as trocas de saberes geracionais.

Abrimos, literalmente, as portas à comunidade e fazemos serões culturais, com diferentes temáticas, garantia de “casa cheia”, onde diferentes atores sociais, desde alunos a antigos combatentes na guerra de África lêem poesia, trocam experiências, refletem sobre vivências tão distantes e tão próximas.

 Mas, como a nossa comunidade ultrapassou fronteiras e recebemos alunos de Cabo Verde, num protocolo entre edilidades,  criámos “Noites de Morabeza” explorámos culturas, conhecemos autores, ouvimos mornas e coladeras  na apresentação do livro “Terras de Sodade”.

Tem sido um percurso muito desafiante, só possível porque a autarquia nos apoia, tanto ao nível do PNL como das mais diversas intervenções no espaço físico, agora complementado com a ajuda da RBE para a requalificação da BE.

Orgulhosamente fomos, em 2009, a única BE de Agrupamento de Escolas a integrar o programa de apoios da Fundação Calouste Gulbenkian.

Mas… e há sempre um mas nas estórias das BE’s, o horário de meio tempo não chega para tudo o que é necessário fazer… ainda temos pela frente a tarefa hercúlea de catalogar toda a coleção. As dificuldades de manter uma equipa estável são as mesmas que todas as BE’s enfrentam. Nem sempre o nosso trabalho é compreendido ou valorizado, a articulação efetiva com todos os departamentos ainda é um sonho que perseguimos e de que não abdicamos.

No fundo começámos agora… continuaremos (se nos deixarem)…

 Tenho consciência que por este país, por este distrito há casos espantosos de boas práticas, exemplos que procuramos seguir, bibliotecas, bibliotecários, escolas que estão muitos passos à frente nesta viagem…

Mas é a minha BE que é única…como a rosa do Principezinho…

Deixei-me cativar…!!!                

    

 

* Título da Intervenção no Encontro “Escolas e Bibliotecas – cumplicidades Pedagógicas – Biblioteca Municipal de Portalegre - 2011