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Leituras Luminosas

Elisabete Fiel
Agrupamento de Escolas de Campo Maior

Resumo: Como se ilumina um leitor? Ou melhor como se recupera um leitor e optimiza os que já sentem o apelo à leitura? Estas questões são cruciais para qualquer professor bibliotecário. Num mundo de mudanças constantes resolvemos encetar um projecto que convidava os alunos a ler o impresso e a descobrir as potencialidades da tecnologia. Corria o ano de 2009, a Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Campo Maior e uma parceria com a docente Maria Luz de Sousa no âmbito da formação em Bibliotecas e Literacia aplicaram o projecto: «@ler e a ler» com resultados positivos.

Em 2010 decidimos arriscar e pedir o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Obtivemos o apoio e lançámos a aventura que começou no secundário e estendeu-se ao pré-escolar. Analisámos a frente e o verso da leitura com iPAD e a forma como se põe em prática um projecto.

Desde 1998 que a descoberta de Medel deixou ideias em aberto…nomeadamente reflectir sobre os livros, as novas tecnologias e outras formas de ler, mas tudo leva o seu tempo. Testámos e já temos algumas opiniões.

http://biblioteca-escm.blogspot.com/2011/04/ipad-revolucao-na-leitura.html

http://biblioteca-escm.blogspot.com/2011/01/ipadse-aprender-aprender-projecto.html

Descritores: Livros, Leituras, iPAD e leituras, tecnologia e leitura.

Leituras Luminosas

Os livros iluminam os dias aos leitores mais ávidos. MEDEL (1996, p.11) refere que o livro pode assumir o papel de objecto vendável para o livreiro, objecto de arte para os coleccionadores, objecto de decoração para um decorador que o considere esteticamente perfeito, o «queijo» de um «rato de biblioteca» que sacia a sua fome de leitura. No entanto, o livro também pode ser um «inimigo» para quem não goste de ler e chegamos a um desafio: o que fazer perante uma comunidade que não é atraída pelo livro? Quais são os novos reptos da biblioteca, do livro e da leitura para esta sociedade tecnológica?

Para um leitor compulsivo e habituado ao livro impresso, um livro é um misto de objecto de arte, de decoração e de colecção. Sentimos— lhe o cheiro, apreciamos cada página, falamos da capa, das dimensões…repetimos ou duplicamos documentos, porque tínhamos uma edição de bolso e aquela obra de arte merece uma edição de luxo, de coleccionadores, assinada pelo autor, numerada. Este é o grupo dos leitores, dos apreciadores do livro e da leitura.

O livro também pode ser considerado um «inimigo» para quem não goste de ler e esses também merecem a nossa atenção…normalmente, são adictos às tecnologias e podem descobrir a leitura de outra forma: no computador. Foi este o motor do projecto «@ler e a ler», há dois anos.

O Projecto «@prender & aprendendo» surge na sequência do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito da leitura e que já é sustentado. Assim, pretendemos fazer uma «generalização» das actividades que temos vindo a empreender com sucesso, mas desta vez com um recurso cada vez maior à tecnologia. Os novos equipamentos móveis de leitura trazem novos desafios que queremos testar em contexto escolar, colocando grandes expectativas, face ao sucesso já descrito.

A leitura motiva discussões, tal como o fazemos periodicamente num espaço que designámos de «Partilha», cujo objectivo é dar a conhecer autores e leituras em ambiente de tertúlia, motiva conselhos por parte dos leitores, utilizando a rádio local, para ter um público mais abrangente, onde se recomendam obras e lê-se para os ouvintes, considerando a leitura «infinita», assim surge na rubrica da rádio local: «Leitura a Metro», fala-se de livros, impressos.

A leitura impressa continua a ser a forma de abordagem mais trivial junto da comunidade de leitores, consideramos a leitura na acessão clássica da palavra da descodificação de um texto escrito e impresso, o livro aparece associado a um objecto de culto, no entanto, pode ter múltiplos significados.

O Projecto «@ler e a Ler» resultaram da procura de soluções para uma comunidade que tinha pouco gosto pela leitura, mas adita às tecnologias e a todas as potencialidades que estas oferecem, considerando o som, o ecrã, o multimédia. Partimos dos conceitos: Leitor Tradicional -  leitor de livros, competente, leitor literário e que experimenta outros suportes e do Novo Leitor: consumidor - novas tecnologias que só lê através de “rede”, lê apenas neste ambiente - informação, divulgação, jogos, «chat» e não é um leitor de livros impressos.

O «@ler e a Ler» foi desenvolvido em parceria com a docente de Português: Maria Luz de Sousa, em duas turmas de 10º ano. A titular da turma e parceira neste projecto solicitou que o nome do projecto também contemplasse o «Ler», pois havia a esperança que alguns alunos se dedicassem à leitura do livro e o tornassem objecto de culto. O nome definitivo do projecto contemplou as duas formas de leitura.

O projecto começou com uma apresentação de uma forma de leitura que permitia a utilização do computador, oferecemos um CD-ROM a cada aluno com uma pequena biblioteca em formato digital e proporcionámos a audição de um conto em MP3. O encontro seduziu de imediato, abordar os livros e leitura com computadores. Seguiu-se a acção de marketing, os benefícios da leitura em ecrã, a possibilidade de ter à disposição cerca de 50 obras de vários autores e poder escolher, imprimir ou ler directamente no computador, que na maioria das vezes é portátil. A selecção de obras contemplou os autores cuja obra está acessível em formato digital, desde Eça de Queirós a Antero de Quental, Fernando Pessoa, Edgar Allan Poe entre outros. Os alunos adictos às tecnologias rapidamente ficaram seduzidos pela possibilidade de ler num formato mais «amistoso» e de acordo com os seus interesses e optimizaram a utilização dos seus conhecimentos informáticos. Embora os textos em formato digital não tivessem as características do hipertexto com as suas «janelas» para outros conhecimentos adicionais, o facto de ler em ecrã e ligado à internet permite fazer o mesmo tipo de abordagem dinâmica, procurar outras fontes de informação escritas ou imagens sobre o que está a ler, melhorando a compreensão do texto ou simplesmente adicionando mais conhecimento. O dinamismo deste tipo de leitura perde na concentração do objecto livro em si, mas ganha na exploração sistemática de outras abordagens. O complemento de ler a biografia do autor, as fotografias do lugar, apesar do nomadismo a que se parecesse votado, os verdadeiros leitores também «pulam de livro em livro» pelo que o princípio é o mesmo.

As opiniões da avaliação do projecto foram de extrema importância, quer da docente-parceira neste projecto, quer dos alunos, que experimentaram outra forma de ler, de acordo com os seus interesses e gostos e que encaixam no conceito destes «novos leitores».

«Foi a primeira vez que li/ ouvi um conto no meu computador (…). O que me fascinou mais neste projecto foi poder associar o meu gosto por computadores, pela leitura, mas também pela música, uma vez que pude apreciar a música de fundo e a voz do leitor. Este projecto foi bastante bom para mim, visto que me fez entusiasmar pela leitura e pela disciplina de Português.»

Daniel Rondão, 10º B

«É inovador (…) e verde, pois abatemos menos árvores. Contribui para novos hábitos de leitura, nos indivíduos agarrados aos computadores. Mas, para mim não tem, aquela magia transmitida pelo livro em papel.»

Leonel Quintas, 10º B

Na opinião da docente Maria da Luz Sousa: «Não há expressão que melhor traduza o facto de conseguir que alunos, habitualmente, avessos e que reagem com contrariedade a propostas de leitura, tenham aderido, entusiasticamente, a este projecto no âmbito das novas ecologias da leitura.

Paradigma do que afirmo, o aluno David Portela, adepto fervoroso dos jogos de computador (que lhe consomem muitas horas do quotidiano) e confesso «inimigo» do livro impresso que escolhia, obrigado, pelo menor número de páginas, e lia, como quem cumpria um castigo, e que aderiu, desde o primeiro momento, ao projecto, tornando-se um leitor entusiasta das obras de Edgar Allan Poe, cuja temática o fascina. Um sucesso! – não apenas (e já seria razão mais do que sobeja!) por ter levado o David a ler, de facto, mas sobretudo, por ter conseguido um leitor literário que lê e partilha a experiência de leitura com um prazer genuíno, um entusiasmo dos que garante outras leituras (e isso é genial!).

Por minha parte, enquanto professora, confesso-me, também rendida às evidentes potencialidades das novas ecologias da leitura.»

Em paralelo a este projecto, colocámos a WEB 2.0 ao nosso dispor em acções de divulgação da leitura: os blogues, wikis, faceboock, hi5 e todas as ferramentas que facilitem a comunicação entre a biblioteca escolar e utilizadores constituem uma oportunidade. Nestes espaços, damos opiniões, sugerimos livros, divulgamos o catálogo, recebemos sugestões, a biblioteca deve acompanhar os tempos, as mudanças sem medo das consequências. Recordamos frequentemente Erasmo de Roterdão que colocou o texto impresso ao serviço do ensino e da aprendizagem operou muitas revoluções, causou grandes incertezas e desagrado por parte dos mais conservadores, mas nada seria assim sem esta mudança.

No que concerne à concepção do projecto, a equipa desenhou os objectivos deste projecto de acordo com a experiência anterior e os vectores do projecto educativo. Assim, são estes os objectivos: 

  • Melhorar os níveis de literacia.

  • Melhorar a expressão oral.

  • Aumentar o apoio ao currículo.

  • Inovar as práticas de animação à leitura, utilizando as TIC.

  • Explorar a expressão dramática, enquanto ferramenta de apoio à promoção da leitura.

  • Utilizar as TIC em áreas transversais ao currículo.

  • Generalizar a utilização das TIC como forma de aprendizagem e comunicação.

  • Realizar um projecto sustentado, que possa ser facilmente disseminado.

  • Explorar «maletas digitais» com o apoio das tecnologias.

 

Das tarefas que nos propusemos a maioria já foi executada. As promoções das práticas de leitura através dos iPAD generalizaram-se nas turmas do ensino secundário, com o apoio dos docentes. Houve demonstrações e utilização para leitura em pequeno grupo em turmas do ensino regular e profissional.

Na semana da leitura foram utilizados os iPAD no contexto de sala de aula no secundário, mas também no 3º ciclo. Durante as sessões de Leitura Domiciliária nas salas de aula. A professora bibliotecária e a equipa foram às salas de aula propor uma espécie de «Ementa de leituras» : poemas em leitura expressiva da escritora Beatriz Osés, com a docente Carla Correia; Leitura/jogo em leituras fantásticas com a docente Helena Saldanha e a divulgação do livro «A invenção de Hugo Cabret» com os iPAD pela docente Elisabete Fiel. Foi muito interessante constatar que a maioria dos alunos sugeriram/pediram para lhe divulgarmos e lermos as três versões.

 

Foram realizadas várias partillhas de leituras no âmbito de obras literárias como «Os Maias» e  algumas de Kipling. O impacto foi extremamente positivo. Mesmo os alunos especializados em consumir apenas informação desportiva, renderam-se à leitura de jornais no iPAD.

As experiências com o Grupo de Apoio às Necessidades Educativas Especiais foi extremamente gratificante, pois a facilidade em utilizar a máquina e aumentar as letras atraiu os alunos que revelam vários handicaps. Já foram agendadas novas sessões.

O efeito multiplicador do investimento deste projecto fez-se sentir também no jardim-de-infância e 1º ciclo em que foram mostrados e também experimentados outro tipo de «livros». Os alunos gostaram da experiência e sobretudo da forma como acedem aos conteúdos e «ao barulho da página». Os alunos do pré-escolar gostaram sobretudo de «ouvir» a história e poderem ver imagens e pequenos filmes de animação na internet. A adaptação ao teclado foi imediata.

Estas sessões foram realizadas para 13 turmas, 9 do pré-escolar e 4 do 1º ano. Os alunos solicitaram mais sessões para experimentar as «máquinas» junto da professora-bibliotecária.

Houve um reforço nas requisições de material livro e de audiolivros, como experiência e é positiva, nomeadamente na comunidade escolar.

Durante a semana da leitura desafiámos os Encarregados de Educação a comparecer na escola para leituras «luminosas». O número de participantes foi reduzido, no entanto, quem participou e explorou a leitura gostou muito da experiência.

Foram realizadas várias sessões de leitura com os alunos das «Novas Oportunidades» e com grande sucesso, pois apreciaram a capacidade de ler e simultaneamente abrir outras janelas. A experiência do jogo «pesca palavras» e a procura de vídeos didácticos no «Youtube» também foi considerada positiva.

As sessões vão continuar e temos agendado a recepção ao escritor em Abril. Aguardamos a compra dos 5 IPAD da nova geração, que faltam para que as sessões possam ser multiplicadas. Os alunos consideram que há vantagens na leitura de Jornais e Revistas no IPAD em detrimento de um computador normal.

O empréstimo domiciliário do iPAD foi realizado, numa experiência de 6 alunos que leram livros em iPAD e produziram reflexões. Estes alunos tinham em comum, a experiência do projecto «@lerealer» que pretendiam promover a leitura em ecrã, com obras digitais e esteve na génese deste projecto. Este tipo de experiências vão multiplicar-se, bem como as sessões de «partilha de leituras» com iPAD. Segue a opinião do aluno João Paulo von Gilsa  Lopes:

Aprender@prendendo – 48 horas com o iPad

«Tendo já participado no projecto @ler, cujo objectivo era divulgar e promover a leitura digital, foi com entusiasmo que me “alistei” para este upgrade. Embora a minha opinião da leitura via PC não fosse a melhor, decidi eliminar quaisquer preconceitos acerca da leitura de ebooks, uma vez que se tratava de outro dispositivo e porque, em cerca de dois anos, os avanços tecnológicos foram, obviamente, significativos no que toca à leitura digital.

Após ter sido iniciado na orgânica do iPad durante uma aula, foi-me proposta a possibilidade de o levar para casa, de modo a que a experiência pudesse ser mais aprofundada e que certas dimensões do iPad pudessem ser mais desenvolvidas. Uma vez consultada a biblioteca do iPad, decidi ler A Queda d’Um Anjo, de Camilo Castelo Branco, com cerca de 200 páginas. Devo dizer que a experiência foi surpreendente. Quando li O Bispo Negro, de Alexandre Herculano, no computador fiquei desapontado com a fraca “empatia” que desenvolvi com esse tipo de leitura. Porém, e como já referi, a experiência de leitura no iPad foi diametralmente oposta no que diz respeito à relação “livro” – leitor.

Como leitor assíduo que sou, defendo que, ao se ler um livro, é necessário que se estabeleça com ele uma relação especial, de modo a que a missão do livro se cumpra totalmente. O iPad proporcionou-me isso, é um dispositivo muito portátil e pequeno, tais características, em conjunção com o modo de leitura, possibilitaram que me envolvesse com o livro de um modo semelhante ao que faço com os livros físicos. Foi neste aspecto que a leitura via PC falhou, em estabelecer uma relação, porque um computador, por mais portátil que seja, não permite que nos envolvamos fisicamente com a obra. O facto de poder passar as páginas de um modo semelhante ao “normal”, que pode parecer um mísero detalhe, faz alguma diferença, na minha opinião. Ajuda a estabelecer a tal relação que defendo ser essencial ao ler-se um livro.

Fazendo um balanço final, penso que a leitura no iPad é mais agradável quando comparada com a no PC. Pelas razões acima descritas, defendo que, para levar os livros aos mais novos, é proveitoso que se dinamize a leitura via iPad, ou outro dispositivo semelhante.

Sendo um gadget que permite uma boa experiência de leitura, entre outras actividades possíveis (internet, notícias, mail), é um potencial foco de atenção para a minha geração e para a que se segue, onde se verifica um decréscimo nos hábitos de leitura, onde é necessário despertar o “bichinho” da leitura.»

João Paulo von Gilsa Lopes

Após as diversas sessões de animação à leitura, as diferentes experiências, a opinião do aluno João Lopes é muito significativa, todas as experiências foram muito boas. Os alunos referiram a forma de abordagem simples à leitura, a possibilidade de procurar imagens, significados «just in time», tal como a leitura impressa é complementada por Dicionários, Atlas, Enciclopédias. O modelo da própria máquina, mais familiar que um computador normal, animações e a novidade fazem deste objecto um verdadeiro «objecto de desejo». Tal como todas as práticas de animação à leitura, tem que ser preparada, no entanto, muito interactiva. A preocupação penso que não será a morte do livro, será com a adaptação de editores, autores, livreiros e bibliotecas a trabalhar de outra forma. Em séculos anteriores, as belíssimas ilustrações eram invocadas por contraponto à imprensa, mas esta foi a revolução. Portanto, o meu próximo desejo é: que os e-books se tornem uma generalização e que todas as contas públicas possam adquiri-los facilmente, sem questões burocráticas em demasia ou necessidade de cartões de crédito ou outras figuras que pouco se coadunam com a contabilidade «muito tradicional» das escolas.

Os projectos permitem a experiência de realidades que sem o este apoio financeiro nunca se tornariam realidade. Exigem uma equipa com vontade de experimentar outras formas de aprender e ensinar, criativa e crítica. Esta é a minha equipa! Um conjunto de pessoas de diversas áreas, leitores…alguns compulsivos, mais tecnológicos, menos tecnológicos, com capacidades diferentes, mas com o mesmo propósito: criar, desenvolver, analisar e aventurar-se de forma calculada…mas, ousar é necessário, faz parte da evolução.

O apoio das direcções é fundamental na organização de projectos bem como a capacidade de encontrar parceiros para «materializar» ideias. Este projecto revelou-se muito importante na prática da leitura e na «indução» a experimentar outras práticas. O nosso agradecimento à Fundação Calouste Gulbenkian pelo apoio e pelo arrojo em eleger este projecto.

 

Cerrillo (2005)Lectura y Sociedad del conocimiento in Revista de Educación, número Extraordinário, p.p 53-61

MEDEL, J. (1996)  -  Libros, nuevas tecnologias y otras formas de ler. Puertas a la lectura. Universidad de Extremadura. Vicerrectorado de Extensión Universitária. Seminario Interfacultativo de la Lectura. Badajoz. N.º 5, Dezembro de 1998, pp. 11-14.

VALVERDE et al  (1996) – El libro de texto ante el reto de las nuevas tecnologias de la información y la comunicación. . Puertas a la lectura. Universidad de Extremadura. Vicerrectorado de Extensión Universitária. Seminario Interfacultativo de la Lectura. Badajoz. N.º 5, Dezembro de 1998, pp. 20-24.