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Editorial

Educar Sempre

A Minha Escola

Crónicas de Aprender

- Entrevista -

 

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Conversando com Fátima Pinto, Directora da Escola Secundária D. Sancho II

Luísa Moreira
CEFOPNA

1. Nos últimos anos, muitas têm sido as alterações feitas no que diz respeito à Gestão das Escolas. Como encara essas mudanças?

As mudanças geram sempre desagrado, pelo desconhecimento das consequências, no entanto e fazendo uma retrospecção do que foi feito nestes últimos anos, diria que muito se mudou nas escolas. A atitude face ao trabalho a desempenhar, por parte de professores e funcionários, passou a ser de colaboração e de obrigação em vez de reivindicação, por muito que se diga o contrário. 

2. É corrente ouvir-se comentar que os diretores, atualmente, têm poder excessivo na Escola. Qual a sua opinião?

O poder nunca é excessivo se for bem ministrado. Muitos directores fazem-se valer, não pelo que fazem mas pelo cargo que desempenham, nesses casos acredito que não sejam bem aceites pelos seus pares e, que realmente possam “secar” tudo à sua volta, perdendo desta forma o contributo que os outros membros da comunidade escolar lhes poderiam dar, para a melhoria o seu próprio desempenho.

3. O processo de avaliação de desempenho de professores não tem sido pacífico. Como o encara, no atual momento?

Qualquer avaliação será sempre polémica desde que tenha cotas. Creio que as direcções das escolas deveriam ter uma palavra a dizer na avaliação dos docentes, tal como se verificava na anterior avaliação.

Sempre que se aproxima o período de avaliação as escolas vivem momentos de tensão e desconforto entre colegas. A Direcção da escola tem uma melhor aceitação por parte do corpo docente do que os pares. Em meu entender a avaliação deve estar centrada na direcção da escola, com contributos dos outros elementos que exercem conteúdos funcionais com o avaliado

4. Quais serão os vetores que, na sua opinião, mais diretamente determinam a qualidade de uma escola?

A escola tem de ter uma identidade e essa identidade tem de ser aceite e entendida por todos. A dificuldade reside nessa identificação de professores e alunos com a instituição onde trabalham ou estudam. Mas por mais que uma escola se esforce em criar mecanismos de identidade própria, o sucesso de uma escola está directamente relacionado com o interesse e a formação das famílias e inversamente relacionado com o seu absentismo.

5. A Educação é, cremos, uma responsabilidade da Escola mas, sem dúvida, também da sociedade. Como encara a relação das Escolas com o meio envolvente?

As escolas hoje, tentam criar planos de melhoria para motivar os pais a participar na vida da escola. Mas parece-me que, cada vez mais, o interesse na relação escola família é unidireccional. A maior parte das famílias não vê a escola como aliada na formação dos seus educandos, mas como espaço que os seus educandos frequentam e tem todo o direito de frequentar, independentemente do comportamento que assumem. A escola tem como principal função ensinar, mas em determinados meios socioculturais tem que preocupar-se muito mais educar do que ensinar.

6. A escola faz parte, sem dúvida, de uma rede social. No atual momento que o mundo atravessa, quando crise é a palavra de ordem, como encara a gestão do quotidiano escolar?

Cada vez mais a escola assume um papel social, as carências económicas irão revelar-se e, as repercussões irão fazer-se sentir a vários níveis, tais como no aproveitamento, no comportamento e atitudes, dentro e fora da sala de aula. A escola de hoje necessita urgentemente de técnicos especializados, sociólogos psicólogos, assistentes sociais, para poder dar resposta, o mais assertiva possível e atempada, aos problemas do quotidiano.

7. Considera que a formação contínua, parte integrante da avaliação de desempenho docente, tem respondido às necessidades da comunidade educativa (professores, assistentes operacionais e assistentes técnicos)?

A formação contínua é indispensável em todas as profissões e mais ainda na de professor, para que possa responder de forma actualizada às solicitações dos jovens de hoje. No meu entender a formação continua tem, ainda, um grande percurso a percorrer. A formação deve orientar os formados para as boas práticas e ensinar a mudar práticas antigas. A maior parte das formações ministradas actualmente não respondem às carências verificadas in loco.

8. Olhando o amanhã, um futuro muito próximo, quais considera serem os principais desafios que se colocam à Escola em Portugal?

O principal desafio com que a escola se irá deparar no futuro, será a sua afirmação junto da sociedade, como meio essencial para a formação integral das crianças e jovens.

9. “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo”. – Já poderia construir o seu castelo?

Todos os dias se encontram pedras no nosso caminho, no entanto a verdadeira virtude consiste em contornar ou em desviar essas pedras do nosso caminho. Raramente as guardo, portanto dificilmente poderia construir o que quer que fosse com as pedras “enfrentadas” e “encontradas” no meu caminho. Algumas vezes sirvo-me delas, como degrau, para atingir objectivos que pareciam inatingíveis

10. Se tivesse a enorme sorte de ser visitada pelo Génio da lâmpada mágica, quais seriam os três pedidos que faria para a Educação em Portugal?

  • Iria pedir mais autonomia para as escolas;

  • para a educação em geral iria pedir revisão do currículo nacional de competências essenciais para o ensino básico;

  • por ultimo  e, não menos importante, iria pedir mais respeito e autoridade aos professores.