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HOLOCAUSTO IN MEMORIAM

José Barreiros
Agrupamento de Escolas do Bonfim

«La barbarie est le propre de l'homme»

Maud Tabachnik, in Ne vous retournez pas,

Éd. Livre de Poche, 2012.

                                         ……..

«Ils avaient entendu dire qu’ici, à Theresienstadt

personne ne leur expliquerait comment ces

horreurs avaient pu se produire, mais qu’on

leur apprendrait à vivre avec cette conscience

de l’horreur».

Jáchim Topol, L’Atelier du diable, traduit du

 tchèque par Marianne Cannavagio,

Éd. Noir sur Blanc, 2012.

 Viajar através do passado, é possível que seja uma aventura desagradável, transformada em pesadelo, já que corremos o risco de encontrar eventos estranhos e arrepiantes, dominados por monstruosidades ou por mentes criminosas, que envergonham o ser humano. Os episódios, que se reportam ao holocausto, ferem a sensibilidade e os preceitos éticos de qualquer indivíduo. Assim, a 2ª Guerra Mundial não é só um evento histórico, bélico e ideológico, mas é, simultaneamente, a memória dolorosa e uma ferida intemporal, chamada Shoah.

Geralmente, os grandes criminosos, em tempo de guerra, são numerosos e sentem-se poderosos, representando um perigo concreto para as sociedades democráticas. Se tivermos em memória os atentados contra vidas humanas em campos de concentração durante o terror nazista, sabemos que nenhum animal se comportaria como aqueles soldados alemães. Nenhuma besta, pequena ou grande, teria imaginado e construído Auschwitz! A barbárie ou a simples crueldade gratuita, traduzidas, por vezes, em mero prazer estético, desportivo e até político, são inerentes à perversidade humana. Um leão, com fome, poderá matar um homem para sobreviver, mas nunca não o fará por uma questão de fruição desportiva. Só o homem é capaz de fruir com o sofrimento do seu semelhante.

O homem, à partida, não possui garras nem dentes possantes, mas a sua inteligência possibilitou-lhe inventar e produzir armas em série, sendo o principal predador de qualquer ser que viva neste planeta. O nosso cérebro, sendo a prodigiosa máquina que nos ajudou a construir catedrais, museus e escolas, encaminhou-nos também para comportamentos bárbaros e diabólicos, envolvidos por gritos de alegria ou de dor. Em muitas guerras, longínquas ou próximas da atualidade, o gosto pela morte e pelo massacre são frequentes.

Como inverter este comportamento? Como impedir que o homem destrua o seu semelhante ou mate qualquer animal? Numa sociedade de valores humanos, em que a justiça não esteja aprisionada ou seduzida pelo enriquecimento rápido e ilícito, o homem não é o lobo do homem (homo homini lupus), já que o paradigma dominante é paz, a qual, de modo assertivo, deverá ser coadjuvada pela educação, solidariedade, tolerância e liberdade.

Nesta senda de ideias, a escritora Maud TabachniK, numa entrevista que deu há cerca de um mês, condenou qualquer tipo de violência, incluindo a caça, defendendo que é necessário respeitar a vida das outras espécies. Se não se respeitar a vida dos outros seres, como poderemos respeitar a nossa? Segundo ela, está comprovado cientificamente que a maioria dos psicopatas começou por violentar e matar animais quando era criança. Não é por acaso que a caça, em Israel, não é legalmente permitida.

Atualmente, descendentes das vítimas da Shoah visitam frequentemente os lugares que simbolizam ad eternam o sofrimento dos seus antepassados – campos de concentração e guetos judaicos na Europa. Estes vestígios do passado, pela sua pertinência histórica, são saudáveis memórias que deverão ser preservadas. Assim, as gerações futuras, observando os lugares que testemunharam os horríveis massacres de inocentes, saberão dizer não aos desvios democráticos – populismos, intolerância, perseguição ou qualquer semente de violência que seja veiculada por ditaduras, ideias totalitárias, corporações sectárias ou até pela divinização de personalidades /celebridades efémeras.