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Fundamentação Filosófica das Didáticas

José Manuel Coelho
Escola Secundária de São Lourenço

A Técnica Didática do Vice-versa tem, provavelmente, o seu batismo de fogo com a apresentação deste pequeno opúsculo em que se pretende demonstrar como, afinal de contas, talvez seja possível optimizarem-se os naturais recursos humanos – das/dos Discentes em primeiro lugar – e dos recursos materiais – ou dos Manuais adotados nas diferentes Disciplinas do Ensino Secundário: o caso aqui presente.

Não se trata, decerto, do ovo-de-Colombo pois, é de somenos pertinência a questiúncula sobre a presumível inovação aqui subjacente – e, de fato, tão simples que, contra nós apostamos!, ser utilizada por outros profissionais da leccionação: a sua divulgação, porém, é-nos desconhecida de letra de forma…

O que se deseja com essa metodologia de trabalho em contexto de aula é, por um lado, a colaboração ou interação entre todas/os Alunas/os num exercício de saudável espontaneidade com que todos temos a aprender mais graças a tão diversos contributos; depois, criar modelações de aprendizagens comportamentais em que as/os Discentes se sintam, à-vontade para, pessoalmente, aquando do estudo em casa, se sentirem motivados para essa descoberta; com efeito, no fundo, o peculiar desta tecnicazinha passa pelo cruzar de informação num processo aberto de intercomunicação visto que, até ao derradeiro dia de lecionação, se podem e devem enriquecer a rede de conhecimentos assim sustentada.

Pedagogia Prospetiva

A primeira grande vantagem desta Técnica é torná-la extensiva não só a cada uma das Disciplinas curriculares como, doravante, fazer passar essa mensagem de que qualquer Texto deve ser suficientemente digno de atenção para, heuristicamente – ou em termos de descoberta ou re-descodificação – bem como no âmbito hermenêutico – ou da exegese de suas partes componentes -, ser susceptível de percepção de conhecimentos no referente ao intrínseco valor dos seus conteúdos.

Acreditamos que a Educação não se deve confinar ao espaço sala de aula ou Escola mas, isso sim, que deve ir além desta proxémia e temporalidade e, saudavelmente, deixar sementes para o resto da existência.

Ora, a subjacente filosofia de princípios é a de que a Escola deve ser uma oportunidade para se adquirirem mecanismos de auto estima e “amor-à-sabedoria” para que frutifiquem as metodologias interiorizadas para o restante percurso curricular – quer seja ele oculto ou manifesto/institucional.

“Fácilmente se advierte que la educación permanente no es un grado más de enseñanza, añadido a los ya existentes (educación permanente no es enseñanza de adultos); al contrario, los actuales niveles son los que se modificarán por completo, de acuerdo com el sentido de educación durante toda la vida. El nuevo sistema educativo supondrá niveles de estúdio independientes de la edad. Las formas de adquisición de conocimientos o de aptitudes serán independientes de toda duración fijada de escolaridade, siendo eliminada la modalidade de la classe. De este modo los estudios no se ajustarán necesariamente a un tiempo estatuariamente definido y delimitado, y no precisarán para su realización de un espácio llamado escuela.”” in Moreno, Juan Manuel et al., Historia De La Educación, Biblioteca De Innovacion Educativa, Paraninfo, Madrid, 1986, pp. 529-530.

Interfaces

A Técnica Didática do Vice-versa permite um trabalho não só individualizado como em Trabalho de Grupo pois, todos os intervenientes no processo de ensino aprendizagem se devem sentir envolvidos no cruzamento de informações ou, por outras palavras, na localização das diferentes referências a um mesmo conceito que se pretende dilucidar. Assim, basta que com uma ténue marca de número de página se vá referindo a numeração da folha em que a mesma palavra apareça mencionada – e, até mesmo, que com alguma variação quanto ao seu domínio de semântica: o importante, contudo, é que essa conceptualização mantenha os seus traços essenciais. A título exemplificativo, pensemos na palavra técnico-filosófica de Dia-léctica…

“Apesar da já perene discussão em psicologia, e em disciplinas afins, sobre o relativo peso da natureza (nature ou, presumivelmente, uma componente genética) e do cuidado (nurture ou uma componente experiencial e interactiva) na forma do vir a ser de cada ser humano, não há muita controvérsia em relação ao facto de que o ser humano é o ser vivo que mais aprende durante a vida, o ser cujo estado maduro mais depende da aprendizagem.” in Soczka, Luís, (Org.), Contextos Humanos E Psicologia Ambiental, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2005, pp. 431-432.

Consistência

O Manual adoptado pela Escola deve ter sido criterioso na perspectiva da sua escolha pedagógica e didáctica e, não menos importante, levando em linha de conta o investimento dos agregados familiares. Na verdade, não defendemos uma subordinação total e exclusiva deste meio de aprendizagem mas, inversamente, não deveremos descurar a sua importância e, para tanto, o seu conhecimento em extensão e profundidade. E, assim, faz sentido que se dê relevância até ao Índice que deve ser consultado enquanto se estuda para se ter uma ideia mais exacta dos temas que se estão a interpretar e à sua inserção, a saber, no todo de uma qualquer Unidade Didáctica.

 A Técnica Didáctica do Vice-versa obriga a uma visão de conjunto que implica a mais-valia de um conhecimento pormenorizado do Manual e do respectivo enquadramento do assunto em discussão – e seja, a título exemplificativo, o domínio das “Áreas Do saber Filosófico” que, inclusivamente, recomendam o regresso a temáticas do Programa de Filosofia de Décimo Ano. Aqui se explicara pela primeira vez a importância da “Epistemologia” – e que vai ser uma temática recorrente no “Conhecimento E Racionalidade Científica E Tecnológica” no Décimo Primeiro Ano de Filosofia. Assim, a este recorrer a informações do Ano Lectivo anterior, se trazem gratas recordações e emoções acerca dos conhecimentos, mais ou menos, pertinentes e significativos de linha condutora das ideias marcantes das terminologias da especificidade desta Disciplina.

Pertinência/Actualização

A Portaria nº 244/2011 de 21 de Junho no Diário da República, 1ª série – Nº 118 – 21 de Junho de 2011 permite que as/os Discentes possam, nalgumas circunstâncias, poderem realizar Exame Nacional de Filosofia substituindo-se a uma “… das disciplinas bienais da componente de formação específica …”.

Perante esta possibilidade, mais uma razão se destaca para manter activas as redes informativas que tecem a coesão de matérias de leccionação além do restrito espaço das Unidades Didácticas próprias de cada Ano Lectivo.

Deveremos estar preparados para eventualidades que, a qualquer momento, podem surgir da tutela e que requeiram uma perspectiva alargada ou holística dos Programas – e, de novo, a Técnica Didáctica do Vice-versa ganha alguns foros de recurso de última instância.

E que outras reformas se adivinham com a obrigatoriedade do Ensino alargado até ao Décimo Segundo Ano de Escolaridade?

“E o curioso é que as reformas educativas de 1835 e de 1836, após a consolidação definitiva da Revolução Liberal, sob a inspiração do governo de Mouzinho da Silveira, estabeleceram a obrigatoriedade do ensino para toda a população (o que pressupõe a erradicação do analfabetismo, objectivo tão caro aos liberais, pelo menos em teoria), mas sem sucesso, pois na Reforma seguinte, a de 1844, esta obrigatoriedade aparece acompanhada de sanções para quem não cumprisse o estabelecido na Lei, sem qualquer resultado visível.” in Campos, Bártolo Paiva et al., Ciências Da Educação Em Portugal – Situação Actual e Perspectiva, Sociedade Portuguesa de Ciências Da Educação, Porto, 1991, p. 654.

Case-study

Pode e deve A/O Leitora/Leitor entender de meras curiosidades arqueológicas algumas das citações aqui utilizadas – e apontar as décadas já decorridas sobre tais publicações: uma legitimidade, de tal observação, por mais que comprovada… Mas, não sendo por acaso, esta nossa sugestão de amostra-bio-bliográfica para, recordar que nem sempre o antigo é menos actual nem que o up-to-date tem a patina do que, perdurando, se tornou clássico: um quod erat demonstrandum ?

Sugerimos, assim, que se reformalizem conceitos que se apresentam com algum estigma – e, a saber, que E-ducação não terá que continuar a ser a correcção das plantas que importam podar ou E-ducare; que o Peda-gogo não mais poderá ser o escravo conduzindo o seu senhor ou, o levar-a-criança; que o Ensino não se compatibiliza com o In-Signum ou deixar-marca-sinal ou ferrete

Propomos, uma nova abordagem: a Moira-Eu-Genia ou, do “nascer-para-um-destino-feliz”…

“El método comparativo se puede aplicar a diversas ramas pedagógicas, como serían cuestiones de Didáctica, de Teoría de la Educación, de Organización Escolar o de Metodología. Y en todos estes casos no se estaría haciendo Pedagogía Comparada sino, más bien, Didáctica, Teoría de la Educación, Organización Escolar o Metodología. Es decir, que la Pedagogía Comparada no existe como tal (como parte de la Pedagogía): por eso decíamos que no es una ciencia y que no há de llamarse “Pedagogía” Comparada. Nosotros hemos propuesto llamarla “Comparativismo pedagógico””. in Cabanas, Jose Maria Quintana, Teoría de la Educación – Concepción antinómica de la educación, Dykinson, Madrid, 1988, p. 334.