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Editorial

- Educar Sempre -

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Educação Sexual

 

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Educação Sexual

Luísa Moreira
CEFOPNA

“Os afetos podem, às vezes, somar-se. Subtrair-se, nunca.”

Pitágoras

Qual o papel da Escola na sociedade atual? Qual é, hoje, no mundo alucinante de crises e carência de valores, a função da Escola? Parece-nos indiscutível que o tempo em que a Escola detinha a função de transmissora de conhecimentos e, de alguma forma, de garante de equilíbrio e manutenção de referências culturais, há muito se tornou insuficiente. Hoje, à Escola cabe, sobretudo, a formação integral do indivíduo tendo em vista, para além da necessária aquisição de saberes, a promoção de competências sociais.

Sempre foi difícil, de forma geral, abordar o tema da sexualidade entre pais e filhos, entre os adultos e os jovens. É um assunto íntimo, do foro privado, socialmente marcado por juízos carregados de preconceitos. A tentação é, por isso, evitar o tema e deixá-lo entregue ao obscurantismo das conversas entre pares, às buscas sem critério feitas na internet e às leituras. Que resultado prático daí advém? A adoção de práticas de risco que conduzem, frequentemente, a problemas e patologias de gravidade comprovada. É de facto imprescindível, cremos, que a escola assuma a sua dimensão formativa e que, no âmbito da promoção de competências pessoais e sociais, eduque atitudes e comportamentos, em processos pluridisciplinares e abordando temáticas que se cruzam no quotidiano dos jovens.

 À Escola compete, e cremos que bem, contribuir para a formação plena do indivíduo, e, nesse sentido, a sexualidade não pode ficar esquecida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e por isso influencia a nossa saúde física e mental.

Foi tendo como referência esta definição, encarando a sexualidade como uma pluralidade de manifestações do ser humano, que, no âmbito do disposto na Lei n.º 60/2009 de 6 de Agosto, se desenvolveu a Ação de Formação denominada Educação Sexual - Metodologias e Estratégias de Abordagem em Meio Escolar, que teve lugar nas Escolas Secundária de Campo Maior e Básica Integrada de Arronches, Vila Viçosa e Reguengos, envolvendo um total de setenta professores de diferentes áreas disciplinares. A finalidade destas ações era, prioritariamente, facilitar a elaboração dos projetos de educação sexual a implementar nas escolas envolvidas.

Cabe agora pensar o que deve ser esse projeto. Se o que está em causa são competências pessoais e sociais, opções e valores individuais, torna-se prioritário a adoção de metodologias que permitam a personalização dos processos. Os projetos construídos, sempre considerando a transdisciplinaridade prevista na lei, partiram de descritores de desempenho definidos em equipa de conselho de turma. Como projeto, uma das suas caraterísticas é o dinamismo inerente que, obviamente, foi sempre tido em atenção ao serem definidas as metodologias. Se, no início do processo de formação, alguns professores manifestavam a sua apreensão na abordagem de temáticas que, para além de não serem da sua área específica de saber, implicavam sensibilidades extremas, à medida que as ações decorreram esses receios foram-se diluindo. Em causa, afinal, estava algo que os professores dominam na sua real competência: - Educar! Educar muito para além da mera transmissão de conhecimentos, muito para além da abordagem de conteúdos científicos processuais ou declarativos.

As sessões de formação no âmbito da educação sexual desenvolveram-se, sempre, num clima de disponibilidade para as aprendizagens que se considera importante destacar. As sessões, com componente teórica e prática, partiram da discussão de legislação, da análise de textos, da análise de matérias e, implicaram, então, a produção de materiais e a construção de projetos de intervenção nas escolas envolvidas. Os projetos, incluindo sempre as diferentes áreas curriculares, surgiram centrados na promoção de competências e na adoção de atitudes. Foram discutidas metodologias, analisados materiais e recursos, criados processos sem dúvida dinâmicos e inovadores.

Ao terminar as ações de formação referidas, nas escolas de Campo Maior, Elvas, Portalegre, Reguengos, Vila Viçosa e Estremoz, fica a certeza de um processo de sentidos que penso dever ser valorizado. Porque há excelentes professores nas escolas portuguesas, a Educação faz sentido!