PROFFORMA

REVISTA ONLINE DO CENTRO DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DO NORDESTE ALENTEJANO

 

 

 

 

 

Aprendizagem à distância - O ponto de vista do(s) aluno(s)

Pedro Barreto
Presidente da Associação de Estudantes do Agrupamento de Escolas do Bonfim

À entrada para este ano letivo, todos perspetivavam um ano atípico e sensível, não só devido àquele que foi o desfecho do ano letivo transato, mas também pelo receio sentido por todos os elementos da comunidade escolar. Isto, claro, sem mencionar o facto de a evolução da pandemia da Covid-19 estar prestes a intensificar-se exponencialmente.

 Numa realidade completamente nova e distinta da que estamos habituados, iniciou-se o ensino em regime presencial e foi provado que é, na prática, totalmente exequível. Os docentes lecionaram os conteúdos pretendidos e o receio dos alunos em relação ao seu aproveitamento escolar desvaneceu-se. De facto, o ensino presencial é sem dúvida o método de ensino mais consensual entre toda a comunidade escolar: os conteúdos são compreendidos pelos alunos de uma forma mais eficaz, os professores ensinam naturalmente sem os obstáculos muitas vezes criados pela tecnologia e os encarregados de educação podem estar descansados por saberem que os seus educandos estão na sala de aula com um professor em formato físico para os ajudar prontamente caso surjam dúvidas sobre a matéria.

 Enquanto aluno do 12.º ano, posso afirmar convictamente que uma reunião no Zoom não substitui uma sala de aula. Tenho o objetivo de ingressar no ensino superior no próximo ano letivo, tal como tantos outros colegas meus, e os conteúdos que aprendi presencialmente ao longo do ensino secundário estão muito mais vivos na minha memória comparativamente com os que aprendi durante o ensino à distância.

 Porém, os números de infetados com Covid-19 em Portugal aumentaram de tal maneira que, no dia 22 de janeiro, as escolas fecharam de norte a sul do país, dando-se, posteriormente, início ao regresso do ensino digital. Este foi o momento em que várias famílias portuguesas voltaram a entrar no pesadelo de não terem condições financeiras suficientes para fornecer os meios necessários aos seus educandos para estes poderem aprender conteúdos via digital. De facto, o ensino à distância consegue evidenciar de forma exímia a desigualdade económica existente entre as famílias portuguesas, e está provado que ainda não estão reunidas condições suficientes para que o ensino digital seja considerado justo e perfeito.

 Apenas ao longo do último confinamento, a falta de uma ligação estável à internet terá sido a justificação de faltas a aulas digitais, tanto da parte de alunos como de professores. No papel de estudante, sei que faltar a uma aula pode gerar implicações em relação à retenção de conteúdos importantes, mas não consigo colocar-me no papel de um professor que esteja incapacitado de lecionar devido a problemas tecnológicos que simplesmente o transcendem.

 Assim, nesta dualidade de métodos de ensino, estamos a viver um ano letivo que certamente ficará para a história do nosso agrupamento, não apenas pelos motivos negativos em relação à pandemia, mas também por aquele que é o mérito de todas as pessoas que frequentam a escola diariamente, uma vez que, apesar de todas as condições adversas, tiveram a capacidade de se adaptarem a uma nova realidade aterrorizadora e de ultrapassar todos os obstáculos colocados no seu caminho com distinção.