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REVISTA ONLINE DO CENTRO DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DO NORDESTE ALENTEJANO

 

 

 

 

 

Educação Ambiental em tempos de pandemia

José Janela
Escola Básica José Régio

A COVID-19 veio trazer preocupações com a saúde, higiene e segurança nas escolas. Nos últimos anos a saúde escolar privilegiava a intervenção sobre os determinantes de saúde com maior peso nas doenças crónicas não transmissíveis e a educação para a saúde não dava muita relevância às doenças infeciosas. O Referencial de Educação para a Saúde, edição conjunta da Direção Geral da Educação e da Direção Geral da Saúde, não aborda as doenças infeciosas (1). O mesmo se passa com o Programa de Apoio à Promoção e Educação para a Saúde, da DGE  (2). A situação alterou-se e foram emitidas orientações para prevenir e controlar a COVID-19 (3). A importância da Educação para a Saúde tornou-se assim ainda mais manifesta.

A destruição da biodiversidade é um dos fatores que levam ao surgimento de zoonoses, como é o caso da COVID-19. A perda de biodiversidade potencia a emergência de agentes patogénicos e de riscos para a população humana. Para perceber a emergência de agentes patogénicos e para prever a o risco de epidemias é necessário perceber a interação que se estabelecem entre eles e o ambiente, os hospedeiros e o microbioma dos hospedeiros. É importante perceber o impacto antropogénico, tal como a poluição, as alterações climáticas, as alterações do uso do solo, como a desflorestação, urbanização e a intensificação agrícola têm no potenciar do surgimento de zoonoses que originam pandemias (4). Conhecer a biodiversidade é fundamental para a proteger, contribuindo assim para a diminuição da probabilidade de surgimento de pandemias.

A Educação Ambiental ambiental tem por isso um papel essencial para um futuro sadio. A Educação Ambiental ajuda a perceber a origem da pandemia. Tem também o desafio de contribuir para tentar prevenir a degradação ambiental e assim também ajudar a prevenir o surgimento de novas pandemias.

Como pode ser realizada a Educação Ambiental em tempos de pandemia?

É uma pergunta que não tem uma resposta simples. Tal como em diversos aspetos das nossas vidas, em que houve adaptações, há que ter em conta as questões sanitárias, com os constrangimentos que acarretam.

Foto de Rosário NarcisoHá contudo características próprias da Educação Ambiental que devem ser lembradas, como é o caso da Educação Ambiental ao ar livre e nas áreas protegidas.

As atividades ao ar livre terão aqui, como sempre tiveram um papel insubstituível. O contacto com os elementos, com o vento, com a chuva, com a terra ou com as árvores estimula os sentidos estreitando os laços entre as crianças, os jovens e todos os seres humanos e o meio onde vivem, ajudando a tomar consciência que a humanidade faz parte integrante da natureza.

A Educação Ambiental em áreas protegidas implica deslocações que ficaram complicadas devido às normas sanitárias. No entanto é algo que deve ser retomado quanto antes porque as saídas da escola são educativas, as viagens formam a juventude. O contacto direto com a natureza é essencial para a sua preservação. O desafio é o de regressar às visitas de estudo em condições sanitárias. É necessário que os planos de contingência perante a COVID-19 incluam as normas para que se realizem com toda a segurança.

Não são apenas os professores de determinadas áreas disciplinares que estão implicados na Educação Ambiental. Todos os docentes são responsáveis pela Educação Ambiental que faz parte de um domínio transversal e obrigatório de todos os níveis de ensino da Educação para a Cidadania. O recente Referencial da Educação Ambiental para a Sustentabilidade (5) constitui um instrumento que todos os docentes, de todos os graus de ensino e de todas as disciplinas, dispõem para o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental. Nele estão incluídos os temas, que abarcam a Sustentabilidade, Ética e Cidadania, a Produção e Consumo Sustentáveis, o Território e Paisagem, as Alterações Climáticas, a Biodiversidade, a Energia, a Água e os Solos, bem como os resultados de aprendizagem, como o de os alunos compreendam os seus direitos e deveres enquanto cidadãos face ao ambiente, constituindo um contributo para o desenvolvimento de competências imprescindíveis para responder aos desafios da sociedade do século XXI.

 Bibliografia

1. Saúde, Direção-Geral da Educação e Direção-Geral da. Referencial de Educação para a Saúde. Lisboa : Ministério da Educação – Direção-Geral da Educação e Direção-Geral da Saúde, 2017.

2. Educação, Direção-Geral da. Programa de Apoio à Promoção e Educação para a Saúde. Lisboa : Ministério da Educação – Direção-Geral da Educação , 2014.

3. Saúde, Direção-Geral da. Saúde e Atividades Diárias Medidas de Prevenção e Controlo da COVID-19 em Estabelecimentos de Ensino. Lisboa : DGS, 2020.

4. Schmeller, Dirk S., Courchamp, Franck e Killeen, Gerry. Biodiversity loss, emerging pathogens and human health. Biodiversity and Conservation. 2020, Vol. 29.

5. Pedroso, José Vítor (Coord.). Referencial de Educação Ambiental para a Sustentabilidade para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico e o Ensino Secundário. Lisboa : Ministério da Educação - Direção Geral da Educação, 2018.

Foto de Rosário Narciso