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"Sobre a Disciplina/Indisciplina na Escola" - Debate

Luís Fouto
Agrupamento de Escolas do Bonfim

Com o correr do tempo, temos vindo a ser confrontados na Escola, nas Escolas, na Sociedade em geral com episódios de indisciplina, até de violência física, psicológica, que pela sua cadência e ritmo devem merecer alguma reflexão. Acresce ainda o grau inusitado, pouco comum dessa violência, que deixa transparecer uma falta de respeito pelo outro, uma falta de sensibilidade social, de barreiras morais, preocupantes.

É convocada a esta reflexão toda a comunidade educativa.

Com efeito, não configurando ainda uma situação de alarme social, traduz já, nos seus contornos, algum desconforto, que desmotiva, que desmobiliza, pela falta de uma resposta estruturada, objetiva, nomeadamente na Escola, que se sente capturada por este clima que lhe chega de fora, mas que, eventualmente, aqui, encontrará ecologia favorável ao seu desenvolvimento. Terá que ser assim? O que se passa?

Em sentido mais lato, é consabido que perpassa por toda a nossa Sociedade uma crise de autoridade evidente, espelhada todos os dias na narrativa de jornais e televisões.

Neste contexto, assiste-se a uma crise económica e social, com repercussões óbvias nas famílias, célula nuclear da sociedade, logo mais frágil, tradicionalmente depositária de princípios e valores que reproduz junto das gerações sucedâneas.

A miséria económica e social, podendo induzir, não determina a miséria cultural. Mesmo não havendo instrução, pode haver educação….. Era não raro encontrar famílias de “status” económico e social considerado baixo, capazes de garantirem um sustentável patamar de educação aos seus filhos. Hoje, nas escolas “perde-se” um tempo infindo no veicular de normas, nunca assimiladas, com prejuízo do ritmo da aula, com prejuízo das aprendizagens.

Hoje, numa época de relativismo assumido, agridem-se professores, ameaçam-se juízes, agridem-se polícias …..A insolência campeia, a violência enquanto argumento instalou-se, com foros de cidadania. Já nada nos surpreende, perante a vulgaridade, a gravidade dos acontecimentos. Quando deixamos de nos surpreender, a indiferença, o encolher de ombros, é, em nosso entender, sinais de uma patologia social grave, a requerer terapia integrada e urgente.

Dir-se-á: é o preço da liberdade! Pois é! É a eterna procura do equilíbrio da autoridade com a liberdade. De facto, haverá liberdade onde não impera o respeito pela lei, pelas regras de sã convivência, pelo mais elementar bom senso? Esse é o problema! Sintetizando: haverá liberdade, sem a prevalência dos pilares da autoridade e da justiça?

Hoje, nas escolas, confrontamo-nos com a demissão, incapacidade objectiva dos pais, das famílias, de transmitirem normas de civilidade, de respeito aos seus filhos. É comum constatar: “ Sr. Professor, veja lá o que pode fazer …nós tentamos tudo e não conseguimos…”  “ Se calhar tenho de o meter nas explicações…ele em casa não quer estudar… a gente manda e ele …” “ Temos, se calhar de o levar ao psicólogo…”. Pois!

É neste quadro, abreviando, que a Escola, cadinho onde se misturam vivências, contextos, afetos, desafetos, tão diversificados, se tem de movimentar, nem sempre estando preparada para responder a tarefa tão magna! Procurar resolver exclusivamente estes problemas através da Escola é tarefa de Sísifo. No entanto que contributo pode dar? E no imediato: que fazer de modo a tornar as escolas lugares mais estáveis?

O desafio aqui fica.