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Projectos de Educação Patrimonial no 1ºCiclo de Castelo de Vide
Filomena Bruno A evolução do conceito de património ao longo do tempo, e a busca da identidade do homem no meio de um vasto leque de informações dos mais variados sectores e matizes, - decorrentes do processo de mundialização da cultura e facilitadas pelo avanço da tecnologia, que proporciona o acesso à informação em tempo real, pela difusão quase que simultânea à ocorrência dos factos - tem tirado ao homem moderno o sentido de pertença. Dessa forma, na busca da sua identidade, o homem recorre, inicialmente, ao património material no qual se inserem os bens edificados e os objectos que tiveram significado na formação da identidade cultural. Num segundo momento, busca-se o resgate do património imaterial, no qual se inserem as celebrações, os lugares e os saberes que fazem parte da nossa formação cultural e que, de alguma forma, se encontram latentes no inconsciente colectivo. O resgate dessa história é fundamental, não só sob o aspecto cultural como pela sua função social. Assim, o património cultural é toda a riqueza comum que herdamos como cidadãos, transmitida de geração em geração. Permite conservar a memória do que fomos e somos e revela a nossa identidade. Expressa o resultado do processo cultural que proporciona ao ser humano o conhecimento e a consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca. Permite conferir a um povo a sua orientação, para que se reconheça como comunidade, inspirando valores, estimulando o exercício da cidadania. O conceito de património inclui não apenas o conteúdo a que se refere mas também as relações sociais e culturais que lhes são inerentes. Só deve ser considerado património aquilo que pode ser compreendido e sentido, como algo de pertença, pelo grupo humano que o herda. A herança patrimonial tem uma utilidade que vai para além do mero acto de guardar ou conservar. Ela é algo que enriquece as comunidades, porque lhes dá sentido, identifica-as com a sua memória, fazendo com que se transforme num capital, a que podem recorrer sempre que é preciso investir na consciência de si mesmas. Assim, cada vez mais o património deixa de ser apenas objecto dos museus e se insere no desenvolvimento económico-social, começando a fazer parte das relações quotidianas da sociedade, deixando de ser um campo isolado. Os museus deixam de ser meros repositórios de objectos considerados importantes e merecedores de salvaguarda. Deixam de ser núcleos fechados, para se tornarem pólos de redes culturais mais vastas que eles próprios, que não subsistirão no isolamento. Com o intuito de ajudar a divulgar esse património, no ano transato, a turma do 3ºA do 1ºCiclo de Castelo de Vide da professora Filomena Bruno integrou o Projecto “O meu Museu”, da autoria da arquiteta Susana Bicho e que contou com a colaboração da professora titular de turma, tendo sido financiado pela autarquia local. Este projecto de educação patrimonial, desenvolvido na Área Projecto no ano lectivo de 2009/2010, incidiu sobre o Museu da Sinagoga e o bairro judaico onde este se insere. Teve como principais objectivos proporcionar às crianças aprendizagens significativas que partissem das suas próprias experiências e em simultâneo as levasse a construir novos conhecimentos. Permitiu, partindo de um primeiro contacto com o Museu da Sinagoga, a fruição e apropriação deste espaço, constituindo simultaneamente um complemento ao Programa Curricular. Este projeto desenvolveu nos alunos a curiosidade, o sentido da descoberta, a criatividade, o espírito crítico, a capacidade de reflexão e uma atitude cívica e de cooperação. As actividades foram acima de tudo multidisciplinares, envolvendo faculdades intelectuais, sensoriais e emocionais, enfatizando a experiência e a investigação. Foram realizados trabalhos individuais, a pares e colectivos, com a periodicidade mensal. Partiu-se dos guiões de interpretação “Da Casa do Judeu se fez um Museu” e “À descoberta da mezuzá e outros mistérios que há por cá”. Guiados pelo “Gato Garcia que vivia na Judiaria” (em cada actividade ia sendo escolhida uma criança para ser o Gato Garcia), foi-se fazendo uma exploração do Museu, visitando as suas salas, para posteriormente se desenvolverem as respectivas actividades, que abarcaram diversas formas de abordagem - expressão dramática, escrita criativa, exploração sensorial, actividades lúdicas. Exploraram-se diversos materiais e técnicas (tintas, papéis, tecidos, elementos naturais, materiais reciclados, colagem, modelagem, carimbos), aliado ao recurso às novas tecnologias, tirando-se partido da utilização do computador “Magalhães”. Durante o presente ano lectivo (2010/2011), os alunos (agora no 4ºano), integram um novo projeto - “A Árvore dos Patrimónios”, também ele de Educação Patrimonial, mas desta vez aplicado numa forma mais abrangente. Este projeto, integrado no contexto escolar, visa o contacto direto dos alunos com o património, conduzindo a um conhecimento ativo, crítico e responsável, capaz de desenvolver em cada indivíduo sentimentos de identidade. É um projeto com caráter transversal, de educação para a cidadania, que abarca todas as áreas curriculares e que recorre frequentemente às Tecnologias de Informação e Comunicação, fazendo uso em particular do computador “Magalhães”. Partiu-se da história de uma “árvore”, por ser uma imagem familiar às crianças e possuir uma forma piramidal, permitindo uma comparação com o património. Assim, a turma começou por desenvolver atividades relacionadas com o seu património pessoal, escolar, explorando seguidamente o património local, depois nacional, para permitir por fim extrapolar para o património mundial. Com este projeto, as crianças desenvolvem o conhecimento e o apreço pelos valores da identidade, da língua, da história e cultura portuguesas, criando hábitos de cooperação nos seus vínculos de família e na realidade circundante. O ponto de partida das aprendizagens é novamente a experiência prévia dos alunos, possibilitando que cada um seja capaz de construir instrumentos de análise e exploração educativa do património e realize as actividades de forma autónoma e criativa. Dá-se opção ao trabalho individual, de grupo e social e os conteúdos envolvem mais uma vez as faculdades intelectuais, sensoriais e emocionais, privilegiando-se a experiência e a investigação. Quer do primeiro projeto, quer do atual, resultam sempre produtos comunicáveis, em diversos formatos e situações, a diversos públicos. Destacam-se cartazes de grandes dimensões colocados na sala onde o projeto vai crescendo e que no final do ano letivo ficam em exposição na Semana da Escola, a realização de pequenos jornais de venda ao público ou de parede, pequenos excertos divulgados no blogue da turma, realização de cartazes para a Feira do Livro. Estes projetos são educativos acima de tudo, adaptáveis, abertos, flexíveis, permitindo um contato directo com o património local, promovendo o enraizamento e uma apropriação cultural com possibilidade de continuação futura. “O Meu Museu”
"A Árvore dos Patrimónios"
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