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Centros de Formação no Congresso dos 20 anos - "Formar, inovando; Inovar, formando"
Miguel Tomás Decorreu, entre 26 e 27 de outubro, o XI Congresso Nacional de Centros de Formação de Associação de Escolas, organizado pelos 7 centros de formação alentejanos, uma iniciativa que ocorre tradicionalmente de dois em dois anos e que, nesta edição, foi acolhida pela cidade de Portalegre. O congresso foi, antes de mais, uma prova de vitalidade dos centros de formação, entidades que nasceram em 1992 e que, desde 2010, se debatem com constrangimentos graves, principalmente devido ao não financiamento, quer por parte da tutela, quer por parte do POPH. Solidamente implantados no terreno e apoiados nas escolas associadas, os centros de formação têm sabido resistir e prosseguir o seu trabalho. Mesmo com as atuais restrições, foram responsáveis pela creditação de mais de 50 mil formandos em 2011 e os indicadores permitem antever um acréscimo no presente ano. Correspondendo ao fundo temático das intervenções - "Formar, inovando; Inovar, formando" – a tónica incidiu no futuro, mais do que no comprazimento por todo o percurso realizado até ao momento. Das diversas comunicações e intervenções, emergiram ideias-força e perspetivas orientadoras, em torno de conceitos como o direcionamento da formação para a ação, o reforço da reflexividade, do trabalho colaborativo, o estabelecimento de comunidades de prática e redes de trabalho, a articulação com as instituições de ensino superior, (com a opção pela investigação com o professor e pelo professor) o enfoque da formação no professor e na sua prática profissional. Relativamente a redes de práticas, foi destacada a iniciativa "TurmaMais", um programa que assenta na criação de uma turma suplementar, por onde vão passando grupos de relativa homogeneidade (leia-se, nível de aproveitamento), oriundos de outras turmas, por períodos determinados. Foi também reforçada a necessidade de inovação a partir da prática profissional, recorrendo às novas tecnologias, mas com novas metodologias que permitam potenciá-las. Neste domínio, salientou-se a existência de plataformas e projetos nacionais e internacionais. Deste congresso, saem reforçados o papel da formação e o papel do professor, visto como depositário da tradição e precursor do futuro, uma reserva privilegiada do "capital de esperança" que urge alimentar. São ideias visíveis na frase inspiradora do Congresso, de Rui Canário: "é desejável agir estrategicamente, no presente, para que o futuro possa ser o resultado de uma escolha, e não a consequência de um destino." O guiso no gato Em suma, comungou-se a ideia de que sabemos o que há para fazer; falta determinar COMO o vamos fazer, como ficou patente na intervenção de José Lemos Diogo, Secretário de Estado da Educação e Administração Educativa, que aludindo à parábola moderna do gato e dos ratos1, interpelou a assistência com um "quem vai pôr o guiso ao gato?". Neste âmbito, o congresso foi profícuo na apresentação de pistas e orientações sobre como vai ser o futuro da formação. A qualidade e pertinência das comunicações e intervenções assentaram numa abrangência alargada de perspetivas, reunindo académicos, técnicos e responsáveis no terreno. Deu-se voz, assim, à universidade, aos investigadores, aos centros de formação, ao Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua, bem como aos atores políticos e até económicos, como o prova a presença de Rui Nabeiro, o conhecido empreendedor. Houve ainda lugar para o confronto com o sistema de formação docente de "nuestros hermanos", apresentado por um responsável provincial da Extremadura e que mostrou que há imensas semelhanças, a par de algumas especificidades interessantes, como, por exemplo, a formação em grupos de trabalho e realização de seminários nas próprias escolas, bem como o estabelecimento de redes de inovação, em áreas que vão da formação para os valores à inteligência emocional. Ficou expresso o desejo unânime de alteração do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores, normativo que tem sofrido a malapata de que, sempre que está pronto a ser aprovado, cai o governo, ou cai o responsável ministerial e, por esta razão, aguarda melhores dias na gaveta há bastantes anos. Particularmente apreciados por todos foram a organização do congresso e a proverbial hospitalidade alentejana, de que se realça o acolhimento gastronómico da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre. O próximo congresso terá lugar em Lisboa, em 2014. No ar, ficaram dois desafios: por um lado, a criação um Observatório do impacto da formação na melhoria da prática profissional, por outro lado, a defesa do património dos centros de formação e o reconhecimento das personalidades que marcaram este percurso. Como já é tradicional, a presença mais numerosa foi a do CFAE de Ílhavo, Vagos e Oliveira do Bairro, uma comitiva capitaneada pelo diretor do Centro, Manuel Pina, que se deslocou no já famoso autocarro da EPADRV.
1 Fábula que conta como os ratos, vítimas de um astuto e silencioso gato, reunidos em assembleia, decidiram, triunfalmente e por unanimidade, a solução a implementar: colocar um guiso no gato, que denunciasse a sua presença a tempo de permitir a fuga. O anticlímax veio de um ratinho lá do fundo: "E quem é que vai pôr o guiso ao gato?".
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