Capa | Revista 06 | Revista 07 | Revista 08

MENU


Editorial

Educar Sempre

A Minha Escola

- XI Cong. Nac. CFAE -

XI Congresso CFAEs

A Formação dos Técnicos

Papéis dos CFAEs

Tensões e Oportunidades

Conclusões

Comentários

Congresso em fotos

 

 

Crónicas de Aprender

Entrevista

 

Cartoon


 

 

Conclusões

Comissão Organizadora do Congresso
CFAEs Alentejo

A primeira Conferência, apresentada pelo Dr. João Formosinho, ofereceu-nos uma visão dos Professores enquanto profissionais do desenvolvimento humano, enfatizando as caraterísticas do desempenho docente, com vista à necessidade de transformação de uma “gramática escolar baseada em homogeneidade”. A partir do tema do Congresso, “ Formar inovando, inovar formando” reforçou a ideia de que  “a formação e a inovação andam a par”.

Frisou, ainda, que é fundamental a formação da população ativa, procurando implicar todos neste lema: mais formação leva a mais competitividade, inovação e, consequentemente, crescimento económico. Menos formação implicará uma crise mais acentuada e, também por isso, a formação é uma prioridade. O desempenho dos professores deve ter uma forte componente de dinâmicas interativas e interpessoais.

Referindo a inevitável margem de insucesso, com que todos os professores lidam e que é resultado da reação das pessoas, ou seja, mesmo um desempenho profissional competente não é garantia de sucesso. Ninguém aprende apenas pelo outro, a aprendizagem é um processo individual.

Em educação há um desempenho em contexto, com alguma ambiguidade e incerteza dos meios e dos fins. Quer os meios, quer os fins, são incertos, discutíveis, e discutidos por todos.

Não há técnicas com sucesso garantido quer em relação aos meios, quer em relação aos próprios fins.

Em síntese, todas as caraterísticas do desempenho da profissão docente encerram em si fatores de desconforto para a sociedade, para a família, para os políticos e para os media. Mas, sem dúvida, é uma profissão muito influente e compete aos CFAE´S reforçar o desenvolvimento profissional dos Professores através da eficaz formação contínua e especializada.

Não devemos perder a noção de que “a educação é uma arma de futuro que permite construir o futuro”.

 

No segundo dia do Congresso, a comunicação da Dr.ª Mónica Batista, intitulada Formar e Inovar – Desafios para a formação de Professores, teve como pano de fundo o soneto bem conhecido de Camões, “ Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. A Dr.ª Mónica aproveitou para abordar o tema da mudança e a forma como ela é encarada pelos professores, dando especial relevância à necessidade de criar metodologias de reflexão de investigação-ação e de colaboração no processo de mudança. Concluiu, realçando que a missão principal da formação é ajudar/auxiliar no processo de inovação, “tomando sempre novas qualidades”.

A Dr.ª Marília Farinha expôs ao Congresso a metodologia ligada ao projeto “Turma Mais”, enquanto meio para combater o insucesso escolar. Este projeto nasceu numa escola, no Alentejo, Escola Secundária Rainha Santa Isabel, em Estremoz, e foi-se alargando a todo o país, como foi testemunhado por várias escolas (através de um vídeo que a Drª Marília divulgou aos presentes).

O Dr. Jorge Nascimento apresentou aos congressistas uma perspetiva histórica dos Centros de Formação da Associação de Escolas, desde 1992 até hoje, quando os CFAE´S cumprem 20 anos da sua existência. Enumerou alguns fatores que potenciaram o sucesso do nosso trabalho, mas não esqueceu aspetos que contribuíram para condicionar a realização da formação, como por exemplo:

  • A escassez e dependência de fontes de financiamento;

  • A ausência de recursos humanos afetos aos Centros, tornando os Diretores dos CFAE, por vezes “mais gestores de burocracias do que animadores de formação”;

  • A falta de articulação efetiva entre os planos de desenvolvimento profissional e os planos de desenvolvimento organizacional.

Por outro lado, evidenciou pontes fortes dos CFAE, como a proximidade efetiva e afetiva com as escolas associadas e a capacidade de potenciar e estabelecer parcerias, fatores que têm permitido aos CFAE uma sobrevivência notável, mesmo nos momentos mais adversos.

Finalizou a sua intervenção lançando um desafio aos congressistas: “ qual o futuro da formação e dos CFAE?”, apontando alguns caminhos/percursos que os CFAE devem seguir para assegurar a sua sobrevivência/existência.

De seguida, o Dr. Álvaro Santos abordou a questão da centralização da decisão de formação: quem decide o rumo da formação? Referiu-se às várias políticas educativas que marcaram os últimos anos e regularam a formação (objetivos, filosofia, …etc.) centralizando as temáticas formativas. Contudo, o Regime Jurídico da Formação Continua aponta para uma descentralização da decisão da formação, cabendo aos CFAE (através dos diferentes planos de formação das escolas associadas) a definição das linhas orientadoras da formação.

Em sua opinião, a centralização/ descentralização da decisão está interligada com a problemática dos financiamentos (ou ausência dos mesmos), embora os CFAE tenham conseguido superar a falta de financiamento, contrariando as expectativas de estagnação da formação devido aos cortes orçamentais. Os CFAE têm vindo a evidenciar a sua capacidade em criar e recriar formação, apesar dos constrangimentos que têm encontrado, sobretudo, no último ano.

A comunicação da Dr.ª Manuela Terrasêca, Avaliação: o rei vai nu!, inspirou-se na fábula do “Rei Vai Nu”, metaforizando-a com o tema da avaliação e as problemáticas e politicas educativas que o envolvem. Concluiu que é indispensável repensar a avaliação, para que ela possa assumir um papel de melhoria do sistema educativo.

O Dr. Rui Espadeiro, na sua palestra A tecnologia como potencial catalisador de inovação, começou por abordar os constrangimentos à inovação, nomeadamente, a falta de preparação e receio da mudança por parte dos professores. A escola é, assim, um “ecossistema conservador onde é muito difícil de produzir inovação com um efeito duradouro”. Demonstrou que a tecnologia deve ser pensada, e trabalhada, para que possa proporcionar a promoção da inovação. Para tal, apresentou vários projetos: eTwinning, iTec, inGenious, Future Clasrrom Lab, CPD Lab, etc.

De seguida, o Dr. Jorge Reis traçou uma panorâmica sobre os últimos quinze da Formação Contínua para Pessoal não Docente, Técnicos e Assistentes de Educação, valorizando aspetos de uma realidade bem conhecida: fez-se nessa área muita formação, por todo o país, apesar dos constrangimentos sentidos e da escassez de financiamento.

A palestra do Dr. Luís Cardoso subordinou-se ao tema (Re)pensar a formação: o contributo do Ensino Superior evidenciando o papel da formação contínua de professores como impulsionadora da inovação, da mudança e melhoria do sistema educativo, bem como do próprio professor enquanto profissional e ser humano.

 

No último dia do Congresso, o Dr. Juan António Rodrigues Caro, na sua palestra  “La formacion del professorado en Espanã: una vision general”, referiu que, desde 1990, é um direito e dever das instituições oferecerem formação aos professores.

O estado espanhol define linhas gerais para a formação, mas a decisão final da formação encontra-se de seguida descentralizada, cabendo às 17 regiões de Espanha decidir, de forma autónoma, a sua própria formação.

Atualmente, devido à crise económica, houve uma redução drástica dos centros de formação, e a formação assumiu predominantemente o modelo de E-learning. Contudo, em cada rede de Centro, teve-se em conta a necessidade de minimizar as deslocações dos professores, de modo a não encarecer, para estes, os custos da formação.

O Dr. Juan Caro particularizou a situação do Centro de Formação de Badajoz, referindo-se ao número de assessores (sete) e outros recursos humanos.

Destacou as 3 linhas temáticas mais importantes:

  • As TIC   → Nível inicial

                              → Nível médio

                              → Nível avançado

  • As Línguas ( tradução, comunicação oral)

                              → Línguas predominantes no ensino em Espanha ( inglês, francês, português)

  • Competências básicas: não a nível individual, mas sim geral.

Enunciou, de seguida, as diferentes modalidades da formação:

  • Formação presencial organizada nos centros de formação, sobretudo na modalidade de curso;

  • Formação em centro educativo situado na cidade onde trabalha o professor:

a)      seminários (de 4 a 20 professores) da iniciativa dos professores (formação sem qualquer custo);

b)      Grupo de professores (um professor ensina aos restantes metodologias de trabalho);

c)      Projetos de formação no centro – baseia-se numa implicação maior dos professores.

  • Formação online – é mais barata e chega a mais professores.

Destacou ainda o facto da avaliação da formação assumir duas vertentes:

  1. Avaliação dos professores;

  2. Avaliação da atividade; neste âmbito, procura-se conhecer o impacto sobre o desenvolvimento profissional, isto é, pretende-se entender e avaliar se os professores aplicam nas suas aulas o que aprenderam na formação.

A finalizar, delineou, para um futuro próximo, metas a atingir:

  • Aumento da formação online;

  • Redução da rede dos centros de formação (devido à crise económica);

  • Os centros de formação propõem que as horas de formação sejam incluídas no horário dos professores.

 

Na última palestra do Congresso, a Formação Contínua de Profissionais de Educação: tensões e oportunidades, o Dr. José Lemos Diogo definiu 7 tensões:

  1. Tensão sobre a “engenharia” e o “artesanato”: a “engenharia” corresponde à formação normalizada; o artesanato corresponde à formação centrada no docente, num determinado contexto específico: “o artesanato formativo abre caminhos à compatibilização contextualizada dos interesses individuais e coletivos, serve o “eu”.

  2. Tensão entre gestão e a liderança: os gestores limitam-se a aplicar o que lhes é solicitado, enquanto que os lideres são mais criativos, privilegiando a inovação.
    Os CFAE´S precisam de inovar, de serem geradores de mutações necessárias.

  3. Tensões entre a necessidade e o sentido: esta tensão centra-se no individuo, na sua necessidade de formação, que é simultaneamente um dever e um direito  do docente.
    Deste modo, exige-se uma maior responsabilização do docente em procurar formação adequada e que lhe possa ser útil na sua prática docente.

  4. Tensão entre o “cardápio” e o plano: esta tensão evidencia a dicotomia entre quantidade e qualidade da formação. Mais do que listas de ações, devem privilegiar-se planos de formação elaborados pelas Comissões Pedagógicas, com base nas necessidades de cada escola e nos seus Projetos Educativos. Devem privilegiar-se as necessidades das escolas, e não as dos docentes individualmente.

  5. Tensão entre a “Cursite” e a investigação: esta tensão está relacionada com as modalidades de formação. Tem-se privilegiado a modalidade de cursos e oficinas, em detrimento das restantes modalidades. Estas últimas (estágios, projetos, círculos de estudos) devem ser incentivadas de modo a promover a investigação, a inovação e a mudança.

  6. Tensão entre a abundância e a penúria: esta tensão tem a ver com as necessidades de financiamento. A crise tem vindo a prejudicar os financiamentos e, por isso, afeta o normal decorrer da formação. Nesta situação, é necessário sermos inovadores e criativos. Devem ser rentabilizados, e geridos com eficácia e eficiência, os recursos postos à disposição.

  7. Tensão entre a tradição ( ou rotina) e a inovação: deve ser ultrapassada a rotina em que os CFAE´S caíram, de modo a reduzir certos constrangimentos, nomeadamente, a dependência dos financiamentos. O Futuro deve ser marcado pela inovação, pela mudança, pela reflexividade numa liderança pró-ativa.

Dr. José Lemos Diogo encerrou a sua palestra com uma citação de Einstein “a verdadeira crise é a crise da incompetência”, afirmando que “da crise, devemos fazer uma oportunidade”.