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Editorial

Educar Sempre

A Minha Escola

XI Cong. Nac. CFAE

- Crónicas de Aprender -

Cronicas de Aprender

Azulejaria de Portalegre

 

Entrevista

Cartoon

 


 

 

Azulejaria de Portalegre… um olhar sobre a cidade

Isilda Garraio
 

Já lá vão mais de dez anos, quase vinte. Reportamo-nos ao ano escolar de 1995/96, se a memória não nos falha. Apesar disso, está ainda tudo muito claro na nossa mente, talvez  porque foi muito gratificante.

Por essa altura, o nosso acreditar numa escola mais ativa e participativa, continuava tão vivo como nos tempos de estágio, que acontecera por esses idos anos oitenta. Partir da realidade circundante, envolver os alunos na aquisição do conhecimento, tornar o ensino aprendizagem mais concreto, eram objectivos muito presentes no âmago das nossas escolas.

Surgiu então a ideia do desenvolvimento de um projeto em torno de uma unidade programática “A Azulejaria”, tema comum às disciplinas de História da Arte e Tecnologias,[1] no âmbito de uma interdisciplinaridade muito defendida nessa altura e posta em prática nas nossas escolas. Estávamos em presença de uma disciplina teórica e outra prática, o que nos permitiu um fácil entrosamento dos conteúdos programáticos.

Deitámos mãos à obra e o projeto começou a tomar forma. Nas aulas de História da Arte estudou-se a evolução histórica da Azulejaria, temas, cores, técnicas, enquadramento nos edifícios, finalidade do uso do azulejo, enfim, as rubricas programáticas. Nas aulas de Tecnologias, procedeu-se ao levantamento fotográfico da azulejaria de Portalegre a partir do qual, os alunos reproduziram em azulejo, exemplares dos modelos fotografados.

Mas a nossa ânsia de tomar um contato muito estreito com o Azulejo era de tal forma grande que não nos limitámos a observar e estudar os exemplares azulejares da nossa cidade. Realizámos, ainda, visitas de estudo ao Museu do Azulejo e aos Palácios Nacional de Sintra e de Queluz.

Recolhida a informação, havia que estruturá-la de modo a que ficasse acessível ao público. Dito de outro modo: colocar tudo em livro.

E assim fizemos a “maqueta” do que viria a ser o livro “Azulejaria de Portalegre… um olhar pela cidade” Foi um trabalho de férias. Quando já não havia aulas, os alunos de Tecnologias acompanhados pelo respetivo professor, organizaram os textos elaborados nas aulas de História da Arte, colocaram as fotografias, fizeram os arranjos gráficos.

Chegámos a Setembro de 1996. Os azulejos estavam pintados, prontos para a exposição que havíamos planeado e que teve lugar numa sala própria, que então existia na Praça da República

 

A imprensa referiu-se ao evento nos seguintes termos:

 

“Está desde 7 de Outubro patente na Galeria Municipal da Praça da República, uma Exposição de Azulejaria de Portalegre, um trabalho de grande qualidade, da autoria conjunta dos alunos das disciplinas de História da Arte e Tecnologias, da Escola Secundária de S. Lourenço…”[2]

 

O livro também estava pronto para ser impresso, se… houvesse financiador. Estiveram presentes no ato de inauguração da exposição algumas dos responsáveis pelo desenvolvimento da cidade. Apesar dos elogios ao trabalho, esperámos dois anos para que o livro fosse finalmente impresso. Era caro, como nos diziam. Tinha muita fotografia e, ainda por cima, a cores. E…apresentava-se como um trabalho dos alunos do Ensino Secundário!...

 

Finalmente, no início do ano escolar de 1998, quando já poucas esperanças restavam e, quando a maior parte dos alunos já não estavam na escola, porque haviam já completado o Ensino Secundário, procedeu-se ao lançamento do livro no Convento de S. Bernardo.

Apesar das dificuldades que tivemos que ultrapassar, temos desse tempo uma grata recordação porque, por um lado, sentimos ter cumprido o que a nossa profissão e o momento nos exigia. Por outro, estabeleceu-se entre todos os intervenientes, uma amizade que ainda perdura entre muitos. Nós sabemos disso…

Portalegre, 27 de Novembro de 2012

 

[1] - Os professores de História de Arte e Tecnologia eram respetivamente Isilda Garraio e António Caldeira. A Escola onde se desenvolveu o projeto foi a Secundária de S. Lourenço em Portalegre

[2] - Jornal Fonte Nova, Ano XII, nº593, 10 de Outubro de 1996, p.3